O amor de tantos fluidos, assim é o nosso
O amor de tantos fluídos, assim é o nosso.
Não se trata de lutar ou vencer os perigos da sinuosa estrada, talvez bastasse um sentimento tão primitivo e tão simples como o amor que nos tirasse daquela cilada do destino, mas, não foi o que ocorreu, após o naufrágio dos sonhos ficamos vagando pelo deserto da solidão, sem cruzes e amadurecendo nos sonos sem pesadelos, nos intermináveis idos inimagináveis, nos profundos e prolongados silêncios, sem lembrança daquela tarde de abril que só ficaram as recordações. Foi como sentir-se no meio das trevas, no alto de uma montanha caindo em um precipício, percebendo que o fim daquela queda iria enveredar em um desconhecido mundo... Mas, ao abrir os olhos vi aquela mulher impávida, seus cabelos dourados pelo brilho da lua fazendo lembrar que nesse ou em qualquer outro momento da vida, sabia no peito ainda ter acesa a chama do amor e aquelas veleidades da memória eram ainda mais criticas quando comparadas ao mundo colorido de outrora agora, aflorava a mente em lembranças de fotografias em preto e branco desgastadas pelo tempo, sem saber o que representa a saudade, a loucura intempestiva da ventura ou mesmo o desejo que nada tivesse acontecido e que o tempo permanecera parado, impávido e que a noite repleta de estrelas nos surpreendesse trocando caricias à beira-mar.
É que estávamos ligados por uma cumplicidade baseada em fatos reais e que era inacreditável pensar que havia afetado as nossas vidas ao ponto de nos encontramos à deriva, na ressaca de um mundo acabado de que só restara a saudade sempre que sou surpreendido pelo teu cheiro, pela cor da tua roupa, teu sorriso e o teu imperceptível vulto a passar por mim como se ainda estivéssemos nesse mundo ou se te negas a partir me deixando à beira da loucura, para o mundo ferindo a serenidade ao incrédulo mundo dos espíritos onde em breve me juntarei a ti.
Mas, quando a vida é apenas uma possibilidade nos terrenos férteis da imaginação, visita-os os ciclones do medo que aglutinam grandes tempestades e mares revoltos que aumentam as dores e silenciam a voz da esperança. Na alcova fria e úmida como o favorável tempo, em cama espaçosa para um corpo só, travesseiros esparsos e em desuso como ele próprio que clama por aconchego, por uma amor verdadeiro, que a cada dia mais se distancia de uma companheira que lhe socorra após o pesadelo e lhe acaricie o corpo cansado e diga baixinho aos ouvidos: eu estou aqui para te acompanhar, agora caminhamos juntos, de mãos dadas por um tempo infindável, somos passageiros do tempo e mensageiros do amor...
Já não é sem tempo e, que se dissipem as brumas, desfaçam-se as nevoas, o amor está no ar, em nós, no âmago da existência. E somos como pássaros que voam juntos, como o vento, como a chuva fina, as nuvens brancas que formam figuras num firmamento azul, como os mares da terra fértil ou como os rios perenes que contornam montanhas e percorrem os vales, somos vidas, corações pulsantes em corpos cansados que abrigam a jovialidade de espíritos imutáveis e vidas sinceras, amores constantes e saciados sempre a cada novo amanhecer.