GOLPE DE MESTRE

e souza

Àquela noite saí do trabalho (porque também trabalho e não fico só aqui escrevendo bobagens pra você ler), às vinte e duas horas, antes, porém passei numa lanchonete (que eu não quero dizer o nome) para beber um suco de laranja (é raro, mas é verdade).

Estava somente com meus pensamentos quando entra uma loirinha de mais ou menos um metro e setenta, olhos claros (verdes), linda de verdade e sentou-se a meu lado, bem perto mesmo, mediu-me da apce a base. Olhou para o dono do bar e pediu um suco de laranja e um pão com manteiga na chapa. Eca! (que mistura mais besta). Antes de comer e beber a moça ascendeu um cigarro e olhou para o lado como quem procura um cinzeiro. Eu brincando ofereci a metade do meu. Acho que fiz muita força e quebrei o cinzeiro ao meio. O Salles não gostou muito, mas a moça riu muito com a situação. Apresentei-me e ficamos ali batendo papo, trocamos telefones, não que eu tenha ido embora com o dela e ela com o meu, foram só os números, e fomos embora, cada um para seu lado. O tempo passou, voltei algumas vezes no bar e nada de achar a loura (que vou chamar de Sandrinha). Até que uma noite eu já estava chegando em casa e meu celular que quase nunca tocava, tocou... – Alô? A voz do outro lado era apaixonante. – Olá, é a Sandra. Quer tomar uma cerveja? Na verdade eu não sabia quem era a Sandra, porque uma de minhas irmãs tem o mesmo nome, mas a voz era incompatível e aceitei rapidamente. A voz do outro lado muito simpaticamente disse: - Então já... Agora... Perguntei onde iríamos beber aquela cerveja? E a interlocutora mais doce ainda respondeu: - Aqui na nossa lanchonete... –To indo! Mesmo sem saber ao certo onde era a “nossa lanchonete”. Já a caminho do lugar me perguntei várias vezes: "será que eu tenho uma lanchonete???", mas a intuição masculina é F... e a encontrei no mesmo banquinho incômodo, tipo meia bunda. Lá estava ela de calça jeans e camiseta branca (a cor eu não esqueci, porque derrubei cerveja na camiseta da moça). Rimos muito naquela noite. Depois, outras noites vieram e sempre com bom humor, muitos risos e brincadeiras, uma amizade começava. Nossos encontros eram sempre na mesma lanchonete. Numa sexta feira por volta de vinte horas meu celular tocou, eu ainda estava em meu trabalho lá na mais paulista das avenidas. Atendi e era a Sandrinha com a voz mais meiga e doce que eu jamais havia ouvido. Neste telefonema a moça me convidava para mais uma noite de cervejas, piadas, brincadeiras, um papo legal e muitos risos. Aceitei de primeira, mas avisei que àquela noite devido a uma dificuldade operacional chegaria um pouco mais tarde que de costume e ela não se importou e disse ‘eu espero’. Nesta noite, saímos um colega e eu (vou chamá-lo de Anselmo o rei trufa), fomos ao FDF do também amigo Almir (vou chamá-lo assim). Tenho que explicar que FDF é o nome do bar. Lá pedimos uma cerveja e trocamos experiências sobre as ocorrências daquela sexta-feira. Conversamos muito e fomos embora. Cheguei em casa muito cansado, o dia foi exaustivo. Fui para o banheiro e lá fiquei uns vinte minutos embaixo do chuveiro e fui para a minha cama, adorável cama, doce cama, antes ,porém, escrevi algumas coisas que me esperava na mesa, comi bis e bebi mais uma latinha de cerveja, a única na geladeira, ela me esperava havia algum tempo e então podia dormir tranquilo e lá fui eu pra minha caminha. Acordei muito assustado, olhei para o lado esquerdo, e para minha surpresa já eram três da madrugada. Mas já era tarde, eu havia esquecido o encontro com a Sandrinha. “A Inês é morta! “. Os dias se passaram e eu não consegui encontrá-la em seu celular. Na semana seguinte consegui que ela atendesse ao telefone e tentei desculpar-me pelo ocorrido, pelo chapel que dei sem querer. A moça sempre muito simpática sugeriu que na próxima sexta-feira podíamos nos ver e conversar sobre o assunto. Preparei minha alma a semana toda e a sexta-feira chegou e fui para o bar, só que desta vez sentei-me à mesa e fiz meu primeiro pedido, uma cerveja, eram onze horas da noite. Meu celular tocou e era a Sandrinha: - Oi meu amor, vou demorar um pouco porque a farmácia do hospital está muito movimentada. Você já está no bar? Respondi que sim e que esperaria. A moça desligou e segui conversando com alguns colegas. Meia noite e meia e mais outra cerveja e eu ainda à mesa. Meu celular toca. - Alo? - Olá meu amor tudo bem? – Tudo, mas eu estou meio enrolada aqui, mas estou resolvendo pra te encontrar o mais breve possível. – Claro amor, vem tranquila, a gente tem a noite toda. E mais cerveja e karaokê e mais bate papo e mais cerveja. Até que às duas da madrugada meu celular tocou novamente. – Olá meu amor está no bar? E antes que eu pudesse responder. – Já estou saindo daqui e em trinta minutos a gente se vê e desligou. Às três e quinze da madrugada meu celular vibrou em cima da mesa, olhei e era uma mensagem que dizia exatamente assim: “Olá meu amor, ainda aí? Já são 03:15, e você está no ponto. Agora já pode ir para casa dormir. Tenha bons sonhos.” Eu nunca mais a vi.

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E Souza
Enviado por E Souza em 12/04/2012
Reeditado em 26/07/2014
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