Indecisão

Por quê é sempre assim?Fico com minha namorada ou a deixo?Caso com ela, ou compro um videogame?Estou sempre às voltas com duas ou mais alternativas para tomar decisões, das mas simples, às mais importantes.Se vou à São Paulo pela Rodovia dos Bandeirantes, quando estou quase chegando no final da mesma, lá estão duas alternativas me atormentando: Tietê ou Pinheiros?.E às vêzes, pego a Pinheiros, mesmo não gostando dela.

Se preciso ir ao centro de São Paulo de condução pública, por quê, tenho que ficar lutando e gastando os neurônios em querer talvez pegar o trem do suburbio, sabendo que o metrô, é a melhor opção?

Decisões, ir ou não ir? Comprar ou não comprar? Rir ou chorar?Casar ou solteirar?Amar ou odiar? Matar ou dormir?Comer banana ou manga?Andar ou correr?Falar do fim do meu namoro, ou?Nossa!Isso não acabaria nunca. Acho que tenho uma determinada TOC que faz com que fique assim, sempre louco diante das decisões; ou será um defeito? Ou uma fraqueza de personalidade?Ou um dom?(não riam)

Aliás, agora mesmo, comecei escrever como desabafo sobre meu relacionamento, terminar ou continuar? E cá estou, me enveredando já para outro assunto, querendo falar da minha TOC, que não consigo deixar de contar as coisas. Eu conto tudo, sempre terminando no numero 7 ou múltiplos de 7, e...Ah! Lembrei, decisão importante em meu relacionamento, deixar ou continuar?

Porque deveria deixá-la? Ela é bonita, tem um corpo bonito, relacionamento sexual satisfatório, mostra que talvez me ama... (Cursor do teclado piscando, esperando outras qualidades). ..

Acho que vou falar primeiro dos defeitos ou desvantagens: Ela vem na minha casa e não quer fazer nada, diz que não é minha empregada; não arruma minhas gavetas de meias e cuecas(Eu não quero que faça nada,só a intenção ja bastava, só acho que isso é uma forma de carinho, se interessar pelas minhas coisas), não quer conversar sobre filosofia, geografia, motos ou Raul Seixas (Também, que chatice para uma mulher, não é?); cismou que tenho um caso com a loira vizinha, o que não procede, apesar de ser tentador; mora em São Paulo e eu em Americana, só nos vemos um dia por semana; tem uma fiha adolescente “adorável”; trabalha em São Paulo; quer casar mas não deixa a filha que não quer morar conosco; diz que sou muito inteligente para ela e gostaria de aprender comigo, mas quando vou transmitir algo para seu progresso cultural e intelectual, briga comigo dizendo que sou arrogante e prepotente; não suporta me ver ajudando as outras pessoas, só enxerga as mulheres, e diz que sou muito gentil com elas. Há dias em que está linda, e outros, a desconheço, o que vem acontecendo cada vez mais. A foto que está no FACEBOOK é linda e quase chego a dizer que amo aquela mulher, mas quando eu a olho de verdade, não sinto mais que atração, que também, está esfriando.

Será que estou ficando meio pancada das idéias, amo uma ilusão de muher, a qual, projetei em minha mente, e quando vejo a real, não quero trair aquela da foto?

Saio de casa para encontrar com ela, e é essa da foto que vou levando comigo em meu íntimo, mas quando chego em sua casa, deparo com outra mulher e fico meio que frustrado, quase a perguntar para ela: onde está a fulana?

O que está se passando comigo?Ja estou com 49 anos de idade, e fico meio que com medo de ficar só, pois ninguém vai mais querer um cara com 50. Esse pensamento, mesmo na mairoia das vezes, querendo ficar só, sem ninguém mais para me incomodar. A tal da indecisão, ter alguém, ou ficar só, e as vantagens, benefícios e as desvantagens ficam pululando em minha mente, parecendo que há dois “eus” se batendo na arena da massa cinzenta para ver quem ganha.

Se eu a deixasse, teria mais tempo quando fosse para São Paulo, para ficar com meus filhos e netos, e não haveria mais cobrança de que não tenho muito tempo para ela, que meu tempo é só para os meus. Por outro lado, não teria aquela simplicidade, ternura e carinho, e o corpinho a que estou acostumado. Mas também, corpo bonito, ternura e carinho, agente acaba arrumando, nem que for por uma noite apenas. O inconveniente, é que vou ter que transar com outra de camisinha, que acho um saco e me atrapalha para caramba aquela coisa. Essa foi baixa, hein? Por outro lado, não ficando com ninguém, vou dedicar mais às minhas aulas de musica e teclado, quem sabe, tocar realmente e ganhar uns trocados, e quem sabe até, ser igual ao “Cãozinho dos teclados”. Me dedicar mais a aprender escrever uma crônica, por que, por ora, isso é apenas uma redação tipo “Fale sobre seu relacionamento amoroso”, e quem sabe, posso até ser igual ao Jabor, não é mesmo?Um dos meus “eus” está me cutucando e me xingando tipo: “Ô idiota, pára de viajar na maionese e volta para real”, e fica se esborrachando de rir do que eu falei, Sobre tocar igual ao Frank Aguiar e escrever como o Arnaldo Jabor, pode uma coisa dessas? Meu próprio “eu” debochando de mim e me desestimulando.

Estão vendo? Por isso que fico contando as coisas, por causa desses “eus” ingratos, e agora enquanto ficam lá fazendo piadinhas sobre mim, numa trégua sem-vergonha das batalhas das indecisões, eu fico aqui a contar os quadrados do meu piso, as patas do meu gato que me olha com uma cara de quem também está me debochando e...pasmem! Estava quase decidido, não fosse apitar aquela mensagem no celular, informando que “agora você pode ligar para o fulano de tal, pois está disponível”. Será que tenho um distúrbio mental?Será megalomania?Também né? Umas notinhas no teclado e já é o Frank, umas letrinhas no “Word” e já é o Jabor.

Mas como eu estava dizendo, e agora, eu ligo ou não ligo para ela. E se ela atender, o que vou dizer? Tudo o que estava planejado no relatório que meus amigos “eus” prepararam, aposto que não vou dizer nem uma virgula. Aposto que vou me pegar falando “Oi meu bem, como vai, e a sua filha querida, está bem?” Se me pressionar sobre nosso ultimo papo sobre continuar ou não, vou me pegar dizendo “ Que tal se agente desse um tempo para avaliar a situação, fazer um balanço,etc”, mesmo sabendo que esse tempo é só para dar um tempo para eu decidir que não consigo decidir nada, e mais uma vez eu e meus “eus” vamos enrolando, discutindo e refletindo sobre a melhor maneira de decidir algo realmente decisivo e decidido, e decididos como estamos, decidimos que é melhor não decidir nada agora.

Nota: Por favor, caros leitores do Recanto, enviem seus comentários e críticas. Estou voltando, e gostaria de aprender escrever crônicas, contos, etc.Falem tudo, erros de gramática, melhores estilos, sei lá. Quero "ouvir" suas experiências.