Certa vez em Paris...

 

 

Certa vez em Paris, quando jovens estudantes, eu e meu marido fomos a um departamento do Ministério das Relações Exteriores para resolver um qui pro quo. Pergunta daqui, pergunta dali, disseram que só falando com a Chefe. E nos passaram um papel com o endereço. Saímos então à procura da rua que devia ser ali por perto. Só que os quarteirões de lá nem sempre são como os nossos, as ruas saem enviezadas. Acabamos andando bastante e finalmente chegamos a um prédio muito parecido com o outro, desses modernos, sem nenhuma característica especial. Achando interessante a uniformidade dos edifícios públicos, ao entrar começamos a notar outras semelhanças. Nossa, até parece que a cara das pessoas é igual. Avançando um pouco, vimos atrás de um balcão um funcionário idêntico àquele a quem tínhamos pedido as primeiras informações, lá no outro prédio. Será que ele tinha um irmão gêmeo?... Andando mais ainda atrás dos elevadores, chegamos a um saguão onde uma grande porta de vidro dava passagem para a rua. Olhamos. Engraçado, parecia a mesma porta por onde entramos da primeira vez... Olhamos melhor. Não parecia, era a mesma! Com cara de idiotas, descobrimos que estávamos de novo no mesmíssimo prédio, que ia de uma rua à outra, tendo porta de entrada pelos dois lados. Portanto, com dois endereços diferentes.

Até hoje, passados tantos anos, não entendi por que fizeram essa ‘brincadeirinha’ conosco. Talvez porque não aguentassem mais os qui pro quos de estudantes estrangeiros... Quem sabe eles não se perderiam pelo caminho à procura do ‘outro’ prédio e não voltariam nunca mais?...