Uma caipira em Bariloche

 

 

Chegando ao centro, segui para um lado e meu marido para outro, cada qual atrás de coisas a resolver. Eu tinha só uma, ele mais, então pediu que depois fosse encontrá-lo num tal banco. Eu detesto circular pelas ruas à tarde, principalmente quando está abafado, mas fazer o quê? Sem ele não poderia voltar para casa, moro longe. Morrendo de preguiça, fui andando debaixo de sol quente, atravessei a praça e cheguei ao banco. Mal dava para entrar de tanta gente. Dia dez, depois dos feriados e mais o dia de São Benedito... No meio daquele povo pensei que nunca mais ia achar meu marido. Parecia uma doida olhando atentamente para todo mundo, de um em um. Nada. Foi então que um sininho tocou no meu cérebro, não é aqui, Beatriz! Quando tem alguma conta a pagar obrigatoriamente neste banco, ele prefere aquela agência menor, lembra?... E lá fui eu de novo pela praça e alguns quarteirões a mais. Dá até vergonha de contar. A tal agência ficava bem ao lado do lugar em que estive, de onde saí para procurar meu marido! Apesar de também estar cheia, não foi difícil encontrá-lo. Mas eu aqui, em vez de dois passos, dei uma bela volta. Que só serviu para exercitar as pernas e tomar um pouco de sol, a contragosto. Até parecia quadro de humor em que o casal vem da roça e sempre se perde um do outro no meio da cidade... Lembrei do Mazzaropi, me senti a própria caipira em Bariloche!