O violeiro que conheci

Oswaldo ... da Nena...

nos primeiros momentos que o conheci, eu ainda era menino, em visita lá no sítio da minha tia, ficou um acorde a me soar na alma. No casarão, à noite, o som daquela viola me encantou, e ficou para sempre em minha lembrança...

No seu casório não fui, mas meu pai e saudosa irmã foram. Teve arrasta-pé a noite toda, feliz me contou meu pai no dia seguinte.

Teve uma linda filha, que lhe encantou e o fez por certo feliz!

Da viola ou do violão no fim, pouco restou, sequer acordes ouvi jamais. Em uma oportunidade até lhe pedi, mas vieram os desencantos e desencontros, a sociedade cobrando o impossível e o tempo foi fazendo sua parte e suas vítimas na história...

Para ilustrar mais minha singela homenagem, vou emprestar do compositor Murilo Alvarenga, filho do Alvarenga da saudosa dupla Alvarenga e Ranchinho, algo para homenageá-lo, já que na minha lembrança, ficou a viola, e mais brilho, sinceramente, também me falta...

"Coração de violeiro,

não é como um outro qualquer,

É fraco como as pétalas,

Do mimoso mal-me-quer,

Que cai com o vento das asas,

Do beija-flor do Tiê,

Perde a vida quando a abelha,

Vem prá lhe roubar o mel..."

Sonhamos e queremos ser alguém ou alguma coisa, segundo as referências da sociedade. Ela é hipócrita e mutante, um dia alguma coisa pode ser importante, depois não mais. O “eu” de cada um de nós fica esquecido nessa toada, se perde em querer satisfazê-la... depois vêm os desencantos, uns superam outros fraquejam, outros se rendem e os vícios o devoram... e morrem sonhando com o amor!

Ah! Se ela não cobrasse tanto!

Ah! Se ela desse mais uma chance!

Qual o que... foram-se os sonhos e a esperança, ela cruel, implacável, não quis saber de olhar para trás, e ele sucumbiu distante de todos, esquecido, quiçá cantando ou dedilhando, não sei...

A sociedade é dura! É bruta!

Ser nada, talvez seja o mais sensato, feliz quem o descobre... e vagueia e dança na pauta, entre os acordes e solfejos, cantos e sons da natureza a embalar a vida e o enlevo da alma! Não importa onde tomba... morrer é concretizar a vida...

Ficam as saudades, de momentos que não mais voltarão...

Mais um cantador fazendo festa no céu, e lá alma não precisa beber, a alegria é espontânea, e a felicidade é eterna... E certamente encontram-se os cantadores em uma outra dimensão...

Deus o tenha na Sua luz perpétua, Oswaldo... junto com muitos outros cantadores... que já foram e que ainda irão, para deixarem o céu ainda mais alegre e a perturbar as liras desafinadas dos querubins...

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 27/01/2007
Reeditado em 23/08/2016
Código do texto: T360723
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