VÁ PRO DIABO QUE OS CARREGUE.

Vocês são a derradeira encarnação do demônio. Chegam do nada só para cuspir na minha paz e jogar todo nosso sossego na lata do lixo. Não sei de quais confins vocês vêm e nem, tampouco, das suas reais intenções. Quando percebo a sua presença, já é tarde: está decretada nossa guerra, onde somente um ficará vivo. Criatura entrevada, funesta, vil. Sinto o seu ar arretado, o seu ódio incabrestável por mim, a sua fé piramidal tresloucada por acabar comigo, caso pudesse. Se tivesse uma única chance, gostaria de entrar na sua cabeça só pra revirar os seus miolos na vâ tentativa de entender de onde brota essa sede por sangue, toda essa vampiresca e íngreme obstinação por quaisquer quinhões da minha carne, por tecos ainda frescos da minha alma. Daria a minha vida pra entender onde Deus estava com a cabeça no dia em que esculpiu cada recôncavo manco do seu corpo. Se o Criador pudesse voltar atrás nos seus frutos, certamente rasgaria em pedacinhos a parte em que fez vocês. Mesmo as mais bizarras formas de vida têm seus encantos, se cavocarmos fundo certamente nos depararemos com alguma varanda, algum brilho, algum aroma que valha a pena. No seu caso, não. Se tiveremos a pachorra de revirar vocês, sacudindo-os pelas pernas e tentando encontrar algo que preste, garanto: será absoluta perda de tempo. Nada se aproveita do seu corpo, quiçá dos seus restos, quiçá das suas sombras. Malditos sejam os seus pais, malditos sejam os seus filhos, malditos todos vocês. Não há compaixão que sobreviva ao desejo de acabar com toda sua raça, reduzindo a cinzas tudo o que se relacionar à sua desembestada existência. Odeio vocês com todo ódio que couber na raça humana, odeio vocês com mesma assassina e obstinada vontade que reside nas bestas-feras que habitam o nosso folclore, a nossa mais sórdida imaginação. Odeio vocês com os mesmos dentes pontiagudos que só vemos nas desgraças mais desumanas. Nesse desejo dizimador de transformar em cinzas tudo o que se relacionar a vocês, não repousa a menor migalha de compaixão, não mesmo. A raiva que avermelham meus olhos e enraivecem todos recantos do meu coração é a mesma que, certa feita, brotou nos porões negros da repressão, onde torturadores faziam suas vítimas confessarem o que nunca teriam feito, só para por um fim naquele martírio doentio. Espero ter energia suficiente para dizimar qualquer manifestação de vida que vier de vocês e das suas sombras, que estão aí só pra atanazar a nossa paz. Desgraçados sejam todos vocês. Que o Diabo os leve de volta para arderem por toda eternidade nos mais infernos dos infernos, pernilongos duma figa.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/04/2012
Reeditado em 12/04/2012
Código do texto: T3603952
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