O PROIBIDO DIARIO SEXUAL DOS HOMENS – VIII

Existem coisas que simplesmente são inexplicáveis, e se tentarmos entende-las, decifra-las, apenas tudo ficara mas confuso... Afinal, qual é a parte do inexplicável que você não entendeu ainda?

E assim, parece que cumprindo a profecia de seu pai, as coisas estavam chegando a seu tempo.

Claro que o idiota já estava pensando em comer a menina, mas enfim, promiscuidade a parte, vejamos a evolução da espécie, o lado romântico do ser humano, a primeira vez dessa criatura. Não “a primeira vez” mesmo, afinal já adianto que isso vai levar mais uns dois textos, e sim a primeira vez do beijo, um beijo decente (assim se espera).

Estava disposto a se sacrificar por aquele momento, mesmo que isso custasse um almoço na casa da vó, com toda aquela alegria da família unida, pratos deliciosos, sobremesas ainda mais carregadas de injustiça e os jogos com os primos.

O pensamento de Adão Roberto foi cortado pelas palavras do amigo: Ela ia lá ontem a noite porque falei que você ia estar. Não te contei porque queria que fosse surpresa. Há um tempinho já ela ta afim de você.

- Não foi agora, de repente quando ela me viu?

- Deixa de ser bocó, ela já te viu outras vezes, mas é muito tímida. Daí sim, agora te vendo aqui, ela tomou coragem e ta só te esperando.

- Mas vocês conversaram sobre mim? O que ela disse?

- Falei que você é um panaca, um baita merda.

- Pô Tavinho (vulgo de Armando Otávio) porque tu foi...

- Cala boca guri, falei nada disso, que é? Sou teu amigo. Te enchi de elogio. Agora vê se vai lá com ela e faz bobeira.

- Tá, vocês falaram muito de mim? O que ela disse?

O papo das duas comadres fofoqueiras parecia não ter fim, mas Armando Otávio, ou Tavinho, procurava o encerramento de tanta pergunta:

- Ela disse que te achava interessante, legal, não é de hoje. E ela é gente boa, querida ta. Vai lá e fica cara, não precisas casar porque desse um beijo nela... Mas tu só beijasse uma menina né? Tas nervoso?

- Ah, eu nunca tive oportunidade, ninguém quer ficar comigo. Mas vai dar tudo certo, pode ser rápido né, não precisa demorar, ou precisa?

- Não sei direito, eu só fiquei com duas gurias também. Na festa ontem a noite, rápido né, e uma vez ai, foi só uns beijinhos numa menina da outra sala, na escola.

Se a inveja tinha pernas ela estava agora correndo e gritando, bem louca na alma de Adão Roberto. Poxa, duas meninas já, e ele mal mal umazinha só... Calma, lembre-se da conversa que papai teve com você Adão.

E então ele respirou mais tranqüilo.

- Ei, e sobre ontem m noite? Ouvisse muito?

- Bah, cala a boca Robertinho, apanhei, minha mãe fez altas gritarias, mas ta tudo certo. Ouvi minha mãe no telefone com a minha tia, dizendo que não sabe onde eu vou parar, porque só penso nisso, quer dizer, naquilo. Mas ela isse também que sabe que é por causa da idade... Daí eu já pensei sabe Robertinho: cara a gente vai mesmo envelhecer, a pele enrugar, e não vai mais ter vontade de fazer sexo. Como assim?

- Vontade a gente até vai, mas não vai conseguir.

- Mas não faz sentido cara! – Tavinho estava realmente indignado, inclusive gesticulando. – A gente é jovem agora, qualquer merda que a gente faça o pau ta duro, e custa pra voltar se a gente não dizer nada. A gente é forte, bonito... Quer dizer, a gente é forte, um pouco só também, mas aquele negócio de força da juventude sabe, isso é massa cara, a gente pode fazer tanta coisa, e daí daqui a pouco isso vai acabar, não dá cara, não dá.

- Calma Tavinho, ainda falta tempo pra caralho pra isso acontecer.

- Falta nada porra, meu avô, e todo velhinho sempre diz pra gente aproveitar bem, porque passa muito rápido. Cara eu sou novo demais pra morrer, e trepar deve ser uma coisa tão boa, que é injustiça acabar assim...

(Armando Otávio estava bastante exaltado e falava alto, as primas e irmã na calçada, do outro lado da rua prestavam atenção chocadas)

- Ai simplesmente o cara ta velho, a capa da gaita, quer trepar e o pau não levanta! – Foi então que ao falar isso alto também, pode notar o olhar das garotas na calçada oposta, abismadas.

Tavinho era muito ágil quando sentia que acabara de fazer alguma merda, como era o caso, ele não parou pra se lamentar ou pedir desculpas, continuou no seu ritmo agitado, nem olhou para as meninas e sussurrou para Adão Roberto (sussurrou mesmo desta vez): - O Sr. Orlando não tá em casa, então eu tu vai até lá atrás na casa dele, naquele ranchinho, e eu vou levar minha prima lá, daí vocês ficam.

- Tá. – Foi o som em resposta que Adão emitiu, e logo já pulou o muro da casa amarela de madeira de Sr. Orlando, que devia estar na casa das filhas ou algo assim. Passou pelo canteiro de temperos do velho e dobrou a esquerda para chegar no tal ranchinho que sempre ficava com a porta aberta.entrou e esperou a menina.

Não que estivesse de todo afim ficar com ela, mas tinha que aproveitar a oportunidade. Nem poderia demorar muito, pois logo alguém o chamaria para irem almoçar na casa da vó.

Aquelas malditas coisas passando na barriga, que alguns costumam chamar de borboletas e dizem ser no estomago. E o grande baque, a visão, não se sabe maldita ou maravilhosa, a garota chegou.

Antes de qualquer outra coisa ela estava bem maquiada, bem mesmo! Um blush destonava de toda sua pele, uma sombra lilás fazia parecer que havia levado um soco em cada olho, e a boca com muito gloss, muuuuuito gloss, como se uma maçã do amor tivesse derretido inteira em seus lábios. Era o seu jeito de estar bonita, sensual.

- Oi – ela disse, movendo para cima e para baixo todo aquele gloss.

- hunn – ele gemeu.

Ela pegou suas mãos. Ela estava quente, ele frio, mas ambos tremendo, ele sem reação, ela bem pretensiosa.

- Me abraça! – Ela pediu levando as mãos dele a sua cintura. Rebolava suavemente como se uma musica tocasse na máquina de lavar de Sr. Orlando.

Aliás Sr.Orlando nem imaginava que o BV e a virgindade inteira em si, da maioria dos jovens daquela rua, havia sido perdida em seu ranchinho. Já era ponto de encontro disputado, já que o homem pouco parava em casa.

Um lugar pequeno, mas bem escondido, cujo cada prateleira cheia de bugigangas devia guardar um hímen e mais alguns gemidos.

A garota continuava a rebolar (para de pensar no hímen, voltamos ao Adão Roberto). Ela estava bem perfumada também, sabe se lá com o que. – Me beija – ela disse fechando os olhos e abrindo a boca, explanando o gloss.

Aquilo tinha que acontecer, e já estava ficando tarde demais, pensou Adão Roberto. Respirou fundo, pegou com fora a cintura fina da menina e num impulso fechou os olhos e foi em frente com a boca. Por sorte acertou sim a boca dela, e lá tudo moveu-se, como achou que deveria fazer. Involuntariamente suas mãos também moveram-se nas costas dela, que gemia, e aquilo estava bom, era como uma energia sendo liberada do seu corpo. Como se um personagem de final fight tivesse carregado seu especial, como se tivesse ganho de Shao Kahn no vídeo game com Flawless victory. O mundo era maravilhoso, não tinha problemas, tudo era só felicidade... Até que desgrudaram-se. Ela riu de leve, ele suspirou olhando nos olhos dela, “desabraçando”. Nenhuma palavra e beijaram-se de novo.

Yes! Uhullll, oh oh oh, yupiiiiiii!!!! Esse era o caminho então! Por isso que as pessoas querem tanto isso! Claro tava tudo explicado. Mas é claro, Adão Roberto seu bocó, se beijo é assim bom, imagina sexo mesmo, trepada. Deveat ser o céu!

E nessa eles beijaram-se 5 ou seis vezes, o maxilar doeu e Adão Roberto tinha gloss até no nariz. Nada de muita boca aberta, nada de movimentos loucos, desesperados, ele tinha feito certo, até que a voz do pai o chamou de longe.

- Eu tenho que ir agora, a gente se vê. – Ele disse e ela concordou. Ele estava em êxtase, o pinto levemente duro, involuntariamente quase ereto. Saiu do ranchinho, ela ficou. Ele arrumou o pinto na calça, pra não aparecer muito, e se sentia poderosíssimo, ele agora era “o cara”. O homem, o macho alfa, a masculinidade, toda a testosterona num raio de 100 quilometros estava concentrada no corpo daquele rapaz. Ou só na mente, pois era pura ilusão, só a sensação d ter feito uma coisa muito boa e certa, ainda mais tratando-se de princípios sacanas.

Foi ao encontro do pai de peito estufado, passou por Tavinho e sorriu, o pai o olhava intrigado, as outras meninas com cara de espanto. O pai apareceu no portão depois do garoto já estar no meio da rua. O pai pegou Adão Roberto pelo braço e o levou até a garagem sem dizer nada. O encostou no carro: - O que você estava fazendo?

- Nada pai.

- Tu tava paquerando uma guria né?

Na mosca! Desgraçado, ele tem uma bola de cristal, só pode!... E cá entre nós: PAQUERANDO... Giria bem antiguinha né!

- Não pai, capaz.

- Tava sim, essa cara de trouxa a gente só faz quando tava num bom amasso.

AMASSO – tava evoluindo o cara.

Silêncio – olhos – espera.

- Tava pai - e esperou uma surra que não chegou.

- Mas eu sabia, não tem como se enganar. Foi a primeira, não?

Destino, você cometeu uma grande injustiça: ao invés de distribuir o conteúdo “gente boa” em todos os pais do mundo, despejou a caixa inteira no pai de Adão Roberto. Isso era maravilhoso, um pai maravilhoso, que todo filho deveria ter.

Adão Roberto sorriu, isso era muito bom. Justamente a pessoa que você poderia contar tudo, e contar pra tudo na teoria, funcionava na prática, superando expectativas. Adão conhecia aos poucos um pai incrível. Amigo, sábio e super herói.

- Na verdade foi pai. Teve uma menina antes, mas foi muito sem graça.

- E essa foi legal?

- Aham, muito bom, essa eu descobri como se faz certo.

- É porque ela é mais experiente então... Mas vocês só se beijaram né?

- Sim pai, só isso.

- Você tem sempre que se lembrar da nossa conversa de ontem. E mesmo que seja só beijo. Não fique procurando isso desesperadamente, pra contar vantagem. Viva de verdade, intensamente. Qualidade e não quantidade. E não saia beijando qualquer boca, valorize-se, e nem em qualquer lugar também.

- Pai...

- O que?

- É muito bom poder contar essas coisas pra você. Muito mesmo.

- Obrigado. E é muito bom te ouvir. Porque eu já tive essa idade, e sei que é assim mesmo. Ninguém pra tirar duvidas, ou desabafar com um pouco mais de experiência. E eu vou estar sempre aqui pra te ajudar. Mas lembre-se sempre do que a gente conversou.

- Sim, hoje eu segui tudo o que o senhor me falou.

- Não precisa usar esses termos de coroinha falando com o padre né.

Eles riram, e um pedido muito importante foi feito: - Meu filho, eu quero que você prometa uma coisa...

(Típico de qualquer história é alguém pedindo pra outro fazer promessa)

... – Quando você transar ela primeira vez, sexo sabe (imagina se ele não sabe) – Você vai me contar como foi. Faz isso?

- Sim pai, claro. – E contará mesmo, afinal o homem de sua vida, era agora, pra todas as horas.

- Agora entre, se arrume, e tire essa coisa brilhante do nariz antes que sua mãe veja, e vamos ligeiro pra casa da sua vó.

- Tá pai... Pai.

- Que?

- Eu te amo.

Òinnnnn, ti lindo (É sério, é clichê, mas essa parte não poderia acabar diferente).

Um rápido abraço e Adão Roberto foi pra dentro tirar os vestígios de gloss do rosto.