A decisão do povo NÃO É a confirmação da vontade de Deus
Prólogo
Quando FERNANDO KITZINGER DANNEMANN escreveu e publicou no Recanto das Letras o excelente texto: “A voz do povo é a voz de Deus” de imediato encontrei uma forma de modificar esse refrão para: “A decisão do povo NÃO É a confirmação da vontade de Deus”.
Ora, se "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas." (Espiritismo). NÃO há a menor possibilidade de Ele concordar e ratificar a decisão de um povo que vota obrigado e por protesto o faz de forma irresponsável em prejuízo da sociedade.
“Na mitologia grega, Hermes tinha o privilégio de ser o mensageiro dos deuses, e a cada uma das atribuições que as entidades divinas lhe davam, correspondia uma determinada qualificação. Hermes era honrado, e seus seguidores perguntavam junto ao ouvido da sua estátua aquilo que desejavam saber.
Depois eles cobriam a própria cabeça com um manto, saíam do templo, e as primeiras palavras que ouvissem nas ruas seriam a resposta do deus mensageiro às suas dúvidas e hesitações. Foi assim que nasceu a convicção de que “a voz do povo é a voz de Deus””.
É assim que Fernando Kitzinger explica o surgimento do dito popular, no que Eu concordo plenamente com o tema de seu artigo, cuja explicação é convincente, embora não concorde com o refrão!
Contudo, sobre o meu escrito em tela: “A decisão do povo NÃO É a confirmação da vontade de Deus”, tema de meu modesto enxerto literário a essa inconteste história explicada por Fernando Kitzinger, explico e faço analogia com um dos casos mais emblemáticos em nosso Brasil, hoje considerado pelos cientistas políticos a cleptocracia mais emergente do terceiro mundo.
O tempo passa depressa. Nos anos de 2010 e 2011 a Revista VEJA fez a festa com manchetes e reportagens dos naipes abaixo transcritas:
VEJA (14/10/2010 – às 07:00 horas) - Em 1996, mãe de Tiririca dizia que ele era analfabeto:
Em 1996, Francisco Everardo Oliveira, o palhaço Tiririca, era um fenômeno popular do humor e da música. Uma reportagem de VEJA publicada naquele ano relatava que ele era tímido, analfabeto e não gostava de política. Desde então, o palhaço participou de programas humorísticos, perdeu a timidez e resolveu encarar o meio político.
No último dia 3 de outubro, tornou-se um fenômeno também nas urnas. Elegeu-se deputado federal com a maior votação do país: 1.353.820 de votos. Mas a justiça ainda questiona se, nesses 14 anos, Tiririca também aprendeu a ler e escrever – requisito para a candidatura.
VEJA (14/10/2010 – às 18:09 horas) - Tiririca tem 10 dias para provar que não é analfabeto:
Mandato – Caso se comprove que Tiririca não sabe ler nem escrever, o deputado poderá ser condenado a cinco anos de reclusão e pagamento de multa por “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais”. No dia 3 de outubro, ele foi eleito com 1.353.820 de votos – a maior votação do país.
De acordo com o juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, no entanto, o palhaço não perderá necessariamente o mandato. Isso ocorrerá somente se houver condenação em última instância – sem direito a recurso. Se Tiririca já tiver sido diplomado, ele passará a ter foro privilegiado, ou seja, terá o direito de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 1996, em entrevista a VEJA, a mãe de Tiririca, Maria Alice Oliveira Silva, relatou que o filho sabia apenas “desenhar o nome” e não gostava de política. O gosto pela política parece ter mudado, mas o palhaço agora precisa provar à Justiça que, nesses 14 anos, também aprendeu a ler e escrever, o que o tornou apto a ser candidato.
VEJA (20/10/2010 – às 17:33 horas) - DETRAN apura se carteira de habilitação de Tiririca é irregular.
A Corregedoria do DETRAN de São Paulo abriu procedimento administrativo para apurar se houve irregularidade na emissão da carteira de habilitação do deputado federal recém-eleito por São Paulo Francisco Everardo Oliveira (PR), o palhaço Tiririca. A suspeita foi levantada pelo Ministério Público Eleitoral, que apura se o humorista é analfabeto e se fraudou o documento que tentava provar o contrário.
Tiririca tem uma carteira de habilitação tipo “D” – para dirigir ônibus e vans – registrada na cidade de Itapecerica da Serra, interior de São Paulo, onde nunca viveu. O curioso é que o documento, transferido para a capital do estado em 2001, é datado originalmente de 7 de agosto de 1996 – sete dias antes de VEJA publicar uma reportagem em que a mãe do palhaço dizia que ele apenas sabia desenhar o nome.
Assim como para ser candidato a deputado, saber ler e escrever é critério para dirigir no território nacional. Se Tiririca conseguiu a carteira regularmente, pode ser uma prova de que é alfabetizado. Mas o promotor Maurício Ribeiro Lopes desconfia que a habilitação tenha sido fraudada. “Itapecerica tem histórico de fraudes desse tipo”, afirmou Lopes ao site de VEJA.
Em 2008, a operação Carta Branca, deflagrada pela Polícia Federal (PF), prendeu uma quadrilha que cobrava cerca de 1.800 reais para emitir carteiras falsas em diversos municípios paulistas, incluindo Itapecerica da Serra. O promotor do MP enviou as suspeitas ao DETRAN, que, no último dia 13, exigiu à corregedoria imediata abertura de procedimento administrativo.
VEJA (31/10/2010 – às 11:53 horas) - Tiririca ganha defensor ferrenho: Lula sai em sua defesa
Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, ganhou um defensor ferrenho e de peso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou neste domingo em defesa do humorista, que vem recebendo inúmeras críticas após ter sido eleito deputado federal pelo PR de São Paulo, com 1,3 milhão de votos. Ele é acusado de falsificar o documento em que tentava provar saber ler e escrever, requisito obrigatório para ser candidato a cargo público. Caso se comprove a falsificação, o humorista corre, inclusive, o risco de ser preso.
Em declaração à imprensa, neste domingo, Lula afirmou que acha uma “cretinice” o que estão fazendo com o Tiririca. “O Congresso é a cara da sociedade, e é um absurdo criticar um deputado eleito. Isso é desrespeitar os seus mais de 1 milhão de eleitores. Se ele não podia exercer o cargo, os responsáveis deveriam tê-lo proibido de ser candidato, logo no início”. Concordo com o Tio Lula. A palhaçada deveria ter sido cortada no nascedouro, isto é, no ato da indicação do partido.
Na quinta-feira, Tiririca admitiu à Justiça que teve ajuda de sua mulher para redigir o documento em que afirma ser alfabetizado. Segundo a defesa do deputado eleito, entregue na segunda-feira ao juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1.ª Zona Eleitoral de São Paulo, os anos de trabalho no circo provocaram em Tiririca uma lesão que dificulta a aproximação do dedo polegar do indicador.
CONCLUSÃO
Alguns diletos e argutos leitores haverão de perguntar: Por que você está trazendo à baila um assunto (Caso Tiririca) já resolvido, coisa julgada? Afinal de contas, "a voz do povo é a voz de Deus"... é ou não é? Em tese é verdade! Esse passado recente, muito pouco deglutível, verossímil, longo e pitoresco, não move moinho por ser água passada.
Ocorre que já se fala em eleição municipal e há quem diga que se o Tiririca for indicado ao cargo de prefeito em São Paulo, pelo partido (PR) dele, haverá um quiproquó dos diabos entre os partidos opositores, se isso acontecer.
Ora, NÃO TENHO nada contra. Por que haveria de ter? Como o "abestado" mesmo dizia: "O Brasil ou o cenário político, pior do que está não fica". Ademais, o Deputado Federal mais votado do Brasil em 2010, pode ajudar o partido PR a evitar o desgaste com o PT e PSDB ao dar apoio a uma das legendas no primeiro turno da eleição na capital.
Do ponto de vista estratégico entendo ser uma medida excelente porque o PR dividirá as forças dos partidos oponentes. Quanto à derrocada sociocultural do Estado de São Paulo, se for efetivada essa candidatura, só os cientistas políticos poderão profetizar algo nesse sentido.
Se atualmente o Tiririca pode até assumir interinamente o cargo de Presidente da República, caso seja eleito o presidente da Câmara dos Deputados, alguém pode duvidar dessa possibilidade? Todos sabemos que: Pelo artigo 80 da Constituição da República Federativa do Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados é o segundo na linha de sucessão presidencial, sucedendo ao vice-presidente, em caso de impedimento ou vacância do cargo de presidente da República.
Lembram-se quando escrevi o texto intitulado “Fenômeno Eleitoral ou Deboche Nacional?”:
“CULPADOS PELA ELEIÇÃO DOS DESPREPARADOS
1. O partido que faz a indicação do candidato sem atentar para as consequências do porvir;
2. A Constituição Federal e o Código Eleitoral (principalmente) que permite a candidatura dos torpes, idiotas e broncos. Não é correto aceitar a candidatura de alguém sem avaliar os requisitos qualificadores para o cargo pleiteado. Depois da eleição do (s) desqualificado (s) atestar-se-á a desídia ou incúria dos legisladores quando tentarem mostrar à sociedade o despreparo do (s) eleito (s).
3. A sociedade que não é seletiva e vota por deboche ou protesto.
O candidato despreparado, por não ter amor-próprio e senso do ridículo é o menos culpado nessa nem sempre malfadada empreitada.”.
O QUE PENSA O TIRIRICA SOBRE SER CANDIDATO À PREFEITURA DE SÃO PAULO?
O deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), disse ao Terra estar "empolgado" com a possibilidade de concorrer à prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro deste ano (2012). Claro que não poderia ser diferente. Amor-próprio e senso do ridículo NÃO É para qualquer um.
No site Yahoo! Brasil fizeram a seguinte pergunta, à guisa de pesquisa: “Tiririca prefeito de São Paulo daria certo?”. A melhor resposta por votação com 67% dos votos foi:
“Sinceramente! Não iria me espantar! Lula só o primeiro grau, Dilma ex-assaltante de banco, vai fazer alguma diferença com um semianalfabeto mesmo se fosse candidato a presidente?” – (SIC).
NÃO. Não fará nenhuma diferença um burlesco e caricato a mais na capital dos desmandos e cleptocracia institucionalizada pela decisão do povo. Enfim, meu mais gritante pedido: Por favor, NÃO ME considerem um despeitado, recalcado, inconformado com a situação que ora vivencia o cenário político nacional tendencioso a anarquia.
Apenas raciocinem antes de formar um juízo de valor sobre esta crônica. Sabemos que o voto de protesto é uma realidade e, nesse caso, a decisão do povo NÃO É a confirmação da vontade de Deus.