Vida sem Deus e alegria

A páscoa sem Deus é alegre porque é isenta do sofrimento passado. É uma vida atualizada. O sofrimento passado em quase nada altera a dinâmica covarde do presente, além da evolução financeira em nome das divindades. Na páscoa lembro sempre de Espartacus, da crucificação de Espartacus e de todo o seu povo crucificado na Via Ápia. É curioso como ninguém rende homenagem a este herói. Claro que me refiro ao homem Espartacus, alguém antes do Kirk Douglas. Cabe lembrar que há milhares de crentes que acreditam que somente Jesus foi crucificado. Se a escrita mágica tivesse lhe alcançado ele estaria redivivo, teria até um céu azul em alguma cúpula renascentista.

A páscoa sem Deus é alegre, sem remorsos e cheia de vida.

Talvez alguém acredite que os ateus deveriam trabalhar nesses abundantes feriados religiosos. Seria a boa idéia se os crentes religiosos pagassem “royalties” aos hebreus pelo uso indevido de um de seus filhos. Ainda mais este tendo ressuscitado na paisagem ilusória. Existem aqueles que juram que os judeus preferiram crucificar Jesus podendo aniquilar os dois ladrões. Pois na escuridão continuam aqueles que professam tamanha má-fé contra o povo Hebreu. Jesus fora crucificado aos moldes da antiguidade para que todo o povo judeu não fosse aniquilado pelo poder romano. Na verdade foi o poder romano quem decidiu isso, mesmo sendo governado por Pilatos que era hebreu apenas no nome. Pilatos sim, vendeu seu povo aos romanos e lavou as mãos cinicamente. Talvez por isso a justiça não mereça ter um crucifixo dentro dos fóruns. Todos deviam ser responsáveis por aqueles que condenam principalmente a justiça. Há poucos dias, certo grande cronista gaúcho da imprensa, sublinhou a questão pelo lado oportuno. Que mal há em se ter nos fóruns a imagem de alguém que morreu na cruz para salvar a humanidade? Não salvou. A humanidade melhorou em termos enquanto dizem que está plenamente salva. Até hoje há casos de condenados inocentes que foram liquidados em salas sisudas com a imagem de Cristo em estado lamentável observando de cima sem muita consideração. Espartacus seria bem maior, mais representativo.

Mas o que menos interessa nas festas religiosas é a história humana dos fatos. É exibição que em nada modifica as decisões centrais da vida social global. Viver sem Deus é depositar na vida real a essência da própria existência sem ilusões monomaníacas. Temos na alma livre e isenta a realidade de que enquanto divindade o homem é o imenso e milenar fracasso festejado. Como os milagres são para os que se salvam o egoísmo da vitória quando os demais são trucidados.

A poesia é absolutamente mais humana e profunda sem Deus, pois reflete puramente o semelhante.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 07/04/2012
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