Estamos acabando com o suor de Deus.

Engana-se redondamente que foi super fácil para Deus criar o nosso mundo.

Mesmo para Alguém com tamanha experiência, fazer cada planta, bolar os olhos de cada bicho, fazer cada cheiro, inventar cada textura, decidir cada gosto, enfim, foi um trabalhão e tanto.

E Deus suou pra concluir as suas tarefas no tempo previsto por Ele mesmo.

Esse suor foi tanto, mais tanto, que transformou-se em água.

A mesma água que enche os nossos rios, oceanos e, de quebra, sacia a nossa sede.

Deus a deu de presente à humanidade como verdadeiro legado à sua obra que, diga-se de passagem, é coisa pra ninguém botar defeito.

Trabalho de profissional.

E que a gente, dia após dia, está detonando, destruindo pelas rebarbas, turvando a sua beleza e encardindo cada mililitro, cada gole, cada poça que encontramos pela frente.

E estamos fazendo isso com talento e capacidade que devem deixar até Deus estupefato.

Quando poluimos a nossa água, não estamos somente estragando algo que poderia ser reposto quando bem quisermos.

De fato, estamos transformando em pó algo que é vital para a sobrevivência de toda raça humana e que, com a nossa ignorância e infindável descaso, estamos fazendo virar um fedido pântano.

Isso mesmo, aquela água gostosa, pura, cristalina, que jorrava com infinita generosidade das nossas fontes, cascatas e cachoeiras, luta com todas suas armas para respirar, para viver.

Mas a nossa ânsia pelo progresso, a nossa insana obstinação por traduzir o verde por concreto, a nossa bizarra lucidez que imprime todo este desrespeito com maestria digna de um Deus joga tudo por água abaixo, literalmente.

Acho até que por tudo isso, o suor do nosso querido Criador deve ter cedido lugar para as infinitas lágrimas que devem estar escorrendo do seu rosto, diante do estado em que estamos deixando a sua obra.

Talvez estas lágrimas venham até, quem sabe, saciar a sede de quem for procurar um simples copo de água e acabará encontrando apenas um sujo e repugnante teco de lodo para colocar goela abaixo.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 06/04/2012
Reeditado em 06/04/2012
Código do texto: T3598074
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