NEGAR O QUE NÃO EXISTE.

Estou vivo por respirar. Se parar de respirar morro.

Não posso negar que existo por respirar. Evidência em lógica.

Posso me locomover só por ter pernas?

Posso negar o que pareceria evidência, mas não é. Me locomovo, também, sem pernas...

A relativização tem limites, exaure-se quando falta objeto.

Posso discutir sobre aquilo que não creio existir?

Sim, posso, com apuro e dialética avisada, e sair favorecido, até vitorioso, convencendo.. Não posso, contudo, negar o que não existe para mim.

Se nego a existência não discuto, não considero e muito menos formulo dialéticas negatórias. Não existe e só, o que não existe e nego inadmite questionamentos.

Permanece no centro do discurso do método a dúvida, é esse processo que desenvolve a crítica produtiva, que estabelece racionalidades aceitáveis. A dúvida possibilita a discussão da existência ou inexistência, crer ou descrer em algo, nunca a negação da existência.

Quando não há objeto discute-se o nada se há pretensão de discutir negação. Raia pela tolice, uma primariedade arrogante, diríamos. Como vou discutir o que nego? Rematada tolice...

Discuto o que não creio com ou sem fundamentos para opor a quem crê. É uma discussão pródiga, admissível e rica, nunca tola e bota.

Shakespeare, também discutido quanto à existência de sua obra, se por si teria sido feita, ou por um conglomerado de autores, explicita com vasta sabedoria: "não ouso crer nem descrer de nada"..."

Se é ousadia se inclinar para crenças ou descrenças, discutindo-se a dúvida e seus corolários aceitáveis, imagine-se negar o que para mim não existe. Estaria negando a negação....parece cômico.

Estamos diante do niilismo. É assim o ateísmo, que deixa os agnósticos confortáveis.....

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 06/04/2012
Reeditado em 06/04/2012
Código do texto: T3597948
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