A Mãe do Amigo do Meu Pai
Eu era adolescente e como tal, achava meus pais meio velhos. Os velhinhos da família – avós, tias e tios-avós já haviam falecido há tempos, sem que nenhum deles tivesse ultrapassado os setenta e cinco anos. Por isso imaginava, ou tinha quase certeza de que os amigos do meu pai também fossem ‘órfãos’. E fiquei muito intrigada quando ouvi falar da mãe de um deles. Passávamos férias em Ubatuba e disseram que o Almeida também estava por lá com sua mãe e tinha combinado de se encontrar conosco na praia. Eu e meus irmãos começamos a rir, nossa, como é que esse velho ainda tem mãe?! E o que será que a velhinha vem fazer na praia?... Mamãe ficou brava, passou-nos um pito. Não quero saber de gracinhas, tratem de respeitar, ela é velha sim, parece que já tem sessenta e seis anos! Logo mais chegou o Almeida amparando a mãe um tanto gorda, vestida de maiô e que andava com certa dificuldade. Colocaram-na sentada numa cadeira debaixo do guarda-sol e lá ficaram os ‘velhos’ a conversar. Nós saímos de fininho em direção ao outro lado, à procura dos nossos amigos. Todos jovenzinhos.
Hoje, ao contar esse caso a meus filhos, fiz até encenação e demos boas gargalhadas. Não por falta de respeito àquela senhora, que nem se encontra mais entre nós, de jeito nenhum. Mamãe ensinou e eu aprendi. É por causa de uma outra senhora... que já lhe superou a idade daquela época, tem lá seus probleminhas, mas nem por isso se sente tão velha assim.
(foto da autora)