Véspera de feriado, estou ansiosa para que as horas corram, mas não correm, andam, ou melhor rastejam vagarosamente, olho para a janela, para a tela do computador, que aliás é instrumento de meu trabalho, mas que cansa a vista, cansa a mente, e vou até o outro mundo, viajo no vazio, no inquietante. O tic tac do relógio me enlouquece, existe em mim uma saudade de quem nunca foi ou de quem nunca quis ficar, balbucio, e o tic tac toca todo o tempo.
     Escolho escrever, afinal, as palavras sempre foram minhas companheiras de jornada, e no percalço da vida, foram elas o meu desabafo, a minha fuga, deixaram-me tantas e tantas vezes registrar a dor, a decepção, o medo, a mágoa, mas também foi registro de felicidade, contemplação, amor, muitos que não haveriam espaço o bastante para definir com propriedade.
     Ma vá, tem momentos em que as tais palavras parecem fugir ou será que não as procuro com esmero? É certo que palavras são como tesouros, e quanto mais escondidas, mas valiosas são.  
     Escrevo o que me é conveniente, mas às vezes, isso é mera tolice, como se eu limitasse minhas idéias, quando na verdade, o interessante é arriscar, mudar de rumo.
     Enfim, é tanta balela que me proponho a refletir, que me recordo da Bíblia, sim, a Bíblia, livro antiguíssimo, mas que traz respostas atuais, e aquele versículo teima em minha mente - tudo é vaidade, correr atrás do vento.
     Que eu possa realizar tudo quanto quero, não para ser aplaudida por homens, pois tal reconhecimento é ilusório e passageiro, mas para que ao final de minha vida eu possa sentir aquele gostinho de paz, de missão cumprida.
     E as horas já sem passaram.
Gabriela Mansur
Enviado por Gabriela Mansur em 06/04/2012
Código do texto: T3597291
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