O TELEFONEMA

O TELEFONEMA

Ele olhou o rádio-relógio e viu que eram três horas da manhã quando o telefone tocou. Já esperava por isso. “Deve ser a Lena, pedi para ela me telefonar se tivesse qualquer novidade”- pensou consigo mesmo. Levantou, meio sonolento, para atender.

- Oi, Pedrão. Como vai amigo! Aqui é o Nelson. É sobre aquele aquele assunto que ficamos de resolver! – falou a voz do outro lado da linha.

- Meu amigo, aliás, não sou seu amigo, aqui não é o Pedrão. Você ligou errado.

- Mas como não? Não conhece mais os amigos? – insistiu.

- Pelo amor de Deus! São três horas da manhã e eu quero dormir!

- Pêra aí. Você não vai desligar, vai?

- Vou. – e desligou.

Não acreditava. Pedrão, Nelson, assunto a resolver? Cada doido que aparece. – resmungou.

Deitou-se novamente, mas agora estava duro para pegar no sono, novamente. Passaram-se quinze minutos e novamente o telefone tocou. Já começava a irritar-se.

- O Pedrão! Não desliga não! Precisamos resolver aquele assunto e quero acertar os detalhes com você. É o seguinte...

Não deu tempo de o outro completar a frase. Desligou e soltou um sonoro palavrão. Agora que não iria dormir mesmo. O jeito era levantar, tomar um banho e fazer hora até ir trabalhar. Já era cinco e meia da manhã, quando o telefone tocou outra vez. Agora chega, passou das medidas.

- Fica sabendo que aqui não tem nenhum... - começo a gritar.

- Meu bem, calma. É a Lena. O que está acontecendo? Você está bem? – perguntou a esposa.

- Desculpe, Lena. É um tal de Nelson querendo falar com um tal de Pedrão que está me aporrinhando. Desculpe.

- Liguei para dizer que está tudo bem com o seu pai. Não precisa se preocupar. Pode ir trabalhar tranqüilo, tá bem? Um beijo. Mais tarde a gente se fala.

- Tá certo. Até mais então.

A parte da manhã até que foi tranqüila mas estava um caco. Saiu para o almoço e depois foi tomar um café na padaria do seu Joaquim.

- Augusto, você está com uma cara? Parece que faz duas noites que não dorme! O que aconteceu? – perguntou o português.

Como tinha um tempo ainda de almoço resolveu contar a história.

- Mas que coisa mais esquisita! Eu hein!

- Pois é.

Quase na hora de sair chegou um freguês e foi perguntando:

- Seu Joaquim, você viu o Pedrão por aí? Preciso falar com ele.

Augusto não agüentou e explodiu:

- Vai à merda você e seu amigo Pedrão! – gritou. E saiu.

O outro, assustado, virou e perguntou:

- O que deu nele? Não estou entendendo nada! Pode me explicar? – disse.

- Nem queira saber. A culpa foi do Pedrão!

lmorete
Enviado por lmorete em 06/04/2012
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