Chato não pode ter saudade

- Alô?

- Quem fala?

- Aqui é o Paulo...

- Que Paulo?

- Paulo Correia, não se lembra dos amigos???

- Hummm, deixa eu pensar...

- Olha, vou te dar a dica: Paulo Correia o “Bidu!”

Aí eu gelei... Senti um frio da espinha e um rubor nas faces: um chato do passado... Que merda pensei...

- O cascão, para de frescura! Sou eu mesmo o Bidu, peguei teu telefone com o “borra bosta”, ele é teu amigo do peito! Lembra quando a gente sacaneou o “batata” ???

Era o cara mesmo, o mais chato de todos os chatos: aquele que não se acha chato e não toma o remédio “semancol”. Em outras épocas a galera suportava, pois o chato tinha uma irmã prá lá de gostosa e as primas de minas eram “dadeiras”.

- Fala biduuuuu!

Encarei a fera de frente, pois já dizia meu professor de Judô: tem vezes que a melhor defesa é o ataque! Então danei-me a falar com o cidadão, a memória ajudando e eu despejando conversa:

- Bidu, grande figura! Desculpe-me, mas não te reconheci de pronto, é a idade... Casei com a Claudinha e tenho dois filhos “pentelhos” que não me deixam sair prá tomar o nosso tradicional chopinho, e você sabe dos ciúmes da Cláudia né? Também com aquelas primas!!!

E fui atacando forte, segurando na gola do adversário e aplicando em seqüência um Koutigari com um Outigari nas pernas, puxando prá lá e prá cá o companheiro de kimono e tome de pernadas e puxões...

- .... E Bidu a vida continua... Deixa eu terminar esse relatório agora, passe teu telefone e e-mail que vamos nos falar, “ keep in touch!” Ele era chato e poliglota! Putz, que cara chato, fala Inglês, Frances, Italiano e estava estudando Alemão! Vai ser chato assim lá em Berlim!

E dessa forma consegui desligar o telefone e ficar livre de mais um chato. A minha irmã diz, com sabedoria: “O mundo é dos chatos!”. Verdade verdadeira. Estou prendendo a melhorar a minha chatice, dei um ipon no Bidu!!!!

Roberto Solano