A PORTA ASSASSINA

 

 

Hoje passei pela calçada onde a porta assassina bateu na minha cabeça. Estava fechada. Mesmo assim, achei melhor andar com passos largos mais para o lado da rua, de olho nela. Podia começar a se levantar de repente, sei lá, e então eu levaria um trompaço na perna... Felizmente nada aconteceu e eu segui meu caminho pensando em portas.

 

Enquanto objeto, a porta é inanimada, seja ela de ferro, vidro ou madeira, mas pode nos deixar animadinhos quando se abre para dar passagem. Pode ser a passagem da luz do dia, quando abro as portas do terraço toda manhã. Ao sair de casa, passo pela porta e ganho o mundo. As portas da igreja estão abertas a quem quiser rezar. Portas da escola e da universidade abrem horizontes. É bom contar com a porta da casa dos amigos sempre aberta para nos acolher. Entrar pela porta da frente tem um significado, sair pela porta dos fundos, outro bem diferente. Quando uma porta se fecha não devemos nos desesperar, provavelmente outra se abrirá deixando à vista um caminho mais suave, bem mais fácil de trilhar. É desagradável quando procuramos alguém e batemos com o nariz na porta. Ou quando apressados queremos entrar em casa e não encontramos logo a chave. Decepcionante é bater na porta errada. No entanto, abrir a porta para convidados é sinal de alegria, de comemoração, de confraternização. E o melhor de tudo é abrir as portas do coração, deixando fluir amor, generosidade, doação.