Pensamento pós-inaugural
Tudo bem, o limite de caracteres não é tão baixo a ponto de restringir minha escrita, mas quem nunca sentiu uma pressãozinha ao ver aqueles números diminuindo à cada batida do teclado?
Hoje foi "Dia do Ovo" no escritório. Na verdade o nome que deram ao evento foi "Amigo do Ovo" (parecido com o amigo secreto, mas com ovos de chocolate...), só que o nome pode levar a interpretações esdrúxulas. Resumindo, cada um tinha um ovo sorteado e pegava ele na mesa. Se abrisse a caixa pra ver qual ovo era, estava sujeito a ter seu ovo roubado (favor não interpretar como piada do Faustão). Para minha sorte, eu tirei um ovo bem grande do Bis, que foi roubado pelo meu chefe... Mas tudo bem, eu roubei o do outro estagiário, que parece ser mais legal.
Nunca fui fã de ovos de páscoa. Eles são barras de chocolate em formato nada prático de se comer, e quando eu era criança não sabia direito a forma correta de se abrir. Eu quebrava eles tentando abrir ao meio, e aí tentava comer uma metade inteira. Se tivessem bombons, estariam dentro de um saco plástico transparente. E então os ovos iam para a geladeira, onde ficavam por semanas enquanto eu quebrava um pedaço pra mim todo dia.
Convenhamos, a graça do ovo de páscoa está na idealização dele; igual aqueles brinquedos que você via quando criança e achava que eles eram tão impressionantes que se moviam sozinhos (hoje em dia isso é possível...), mas quando chegava em casa e o "efeito do plástico embrulhado" passava, era possível perceber diversas falhas desde as cores do boneco, mal pintadas, até suas juntas que não se moviam tão bem quanto deveriam. Eu tive um boneco de um homem-aranha-monstro-prateado que não podia dar chutes retos. Sua perna levantava de lado, de forma que, em vez de chutar, ele abria espacato. O boneco que eu mais gostava era um batman, possivelmente chinês (ele tinha uma roupa laranja), que tinha uma capa de borracha que parecia estar ao vento. Sempre adorei capas. Esse boneco não se movia direito, seu cotovelos e joelhos não tinha juntas, mas fazia uma bela pose perto dos outros.
Um que eu nunca gostei era os Max Steels da vida. Parecia o Ken, aquele coitado que tinha que casar com a Barbie todo santo dia, e que era despido de suas roupas ridículas para as crianças verem se ele tinha um exemplar de genitália masculina, ou uma cueca de plástico que não saía. Não que eu já tenha procurado...
Neste exato momento, que já não será tão exato quando você estiver lendo, mas sim enquanto escrevo; meu irmão está afinando a viola na frente do outro computador, e eu escrevo na minha cama. Se você pensou em viola caipira, está subestimando as capacidades irritativas do meu irmão do meio. Ele faz aulas de viola de arco (para quem não sabe o que é, imagine um violino), e pra afinar é aquela arranhação constante, corda por corda. Eu vou enlouquecer. Sabe quando você sente a inspiração se esvair de você? Isso que eu já não tenho muita, depois de um dia de trabalho. Sim, eu faltei na faculdade. Estou com um resfriado. Para mim, uma das piores sensações do mundo é estar com o nariz escorrendo litros enquanto tenta assistir a aula, e você não tem mais aonde assoar. Tudo serve como lenço: a manga da roupa, os dedos que limpamos na calça depois, e por aí vai. Eu sei bem como é, quase todo mês tenho um resfriado forte, então prefiro evitar de uma vez!
Já houveram vezes em que eu estava falando com outras pessoas, e escorrem gotas do meu nariz, pingando no chão ou na blusa, e não é lá muito legal. É como dar uma risada com um sujeirão no dente; só muda a reação da pessoa com quem se está conversando. Se for uma gota escorrendo do nariz, ela vai fazer uma cara de "Isso que eu acabei de ver foi real? Escorreu uma gota do nariz dele e pingou no chão?". Já no caso do dente sujo, as duas pessoas riem, mas ela ri mirando os olhos na folha de orégano que ficou presa entre a gengiva e mais dois dentes. Se ela for um pouco conhecida, vai te avisar; se não, vai te fazer pagar mico o resto do dia.
Queria ter aquele controle universal do Click pra dar mudo na viola do meu irmão. Só isso. Nada mais.