-Ô DONA, OLHA O "TIPO" BACALHAU !

Na qualidade de "donas- de -casa" vira e mexe nos deparamos com as compras domésticas e nessa época de consumo pré-pascoalino não é apenas o chocolate dos coelhos que inunda as prateleiras do comércio a assustar o nosso orçamento.

O "bacalhau", assim denominado a "iguaria" tradicional da Páscoa dos Cristãos, que por ritual teológico não nos permite o consumo de carne vermelha na Sexta-Feira da Paixão, é a vedete da culinária da época, e eu sempre me perguntava porque há tantos peixes "tipo bacalhau", com tão diferentes preços.

Hoje então, conversando com um jovem gerente da peixaria dum estabelecimento, aprendi muito sobre o assunto e resolvi aqui escrever sobre.

Na verdade o "Bacalhau" não é um peixe, é um "processo de cura e salga" de várias espécies de peixes pertencentes a uma mesma família.

Popular e originariamente o termo "bacalhau" se refere "biologicamente" a uma espécie de peixes migratórios existentes nas águas frias e profundas da Noruega e também do Canadá (a Gadus morhua) e a Gadus macrocephalus, uma outra espécie do Pacífico encontrada em abundância nas proximidades do Alaska.

Historicamente eram eles "salgados e curados" artesanalmente para serem estocados por longos períodos com a finalidade de alimentar a população durante o inverno rigoroso da região da Escandinávia.

Eram também levados por transporte hidroviário até a cidade do Porto, Potugal, e de lá exportados para a Europa e o restante do mundo, daí a denominação popular que, portanto, não identifica sua origem "Bacalhau do Porto".

Hoje aprendi que atualmente os cardumes das espécies citadas são extraídos de forma totalmente mecanizada por maquinário especial.

Nos supermercados sempre vemos à venda os peixes "tipo- bacalhau", de vários "tipos" que na realidade identificam a espécie do peixe "curtido". Assim temos: tipo "Saithe", tipo "ling", tipo "Zarbo", respectivamente para as espécies Gadus virens, Molva molva e Brosmius brosme.

Aqui no Brasil o Pirarucu ( Arapaima gigas) um peixe do Amazonas é o nosso peixe " que mais se assemelha ao resultado final do processo de "cura tipo bacalhau", e é conhecido como o BACALHAU- DA AMAZONIA.

Vale dizer que as espécies variam em sabor, aspecto da posta, no corte (lascas lombo ou filé) e no valor nutricional.

E NO PREÇO TAMBÉM, OBVIAMENTE.

Os peixes das águas frias e profundas da Noruega, Canadá, Alaska , não cruzados em tanques artificias (como ocorre no Salmão do Chile, por exemplo) possuem maior quantidade de gorduras polinsaturadas (os conhecidos como ômega 3 e 6) e por esse motivo são recomendados no cardápio da nutrologia cardiológica, pois, ao proporcionarem a "limpeza" das gorduras que danificam as artérias, promovem o benefício protetor das mesmas contra o processo da aterosclerose e a potencial obstrução da circulação dos órgãos (enfartos).

Uma dica que aprendi: SOCORRO, NÃO CONGELEM O BACALHAU!

Conheço várias pessoas que têm este hábito.

O processo de congelamento é justamente o inverso do da "cura e salga", portanto, ao devolver a umidade ao peixe...se descaracteriza totalmente o sabor tipo "Bacalhau".

Depois do meu aprendizado histórico, nutritivo e culinário a respeito do NOBRE PEIXE que também ganhou a nossa atual "língua do tipo", eu desejo a todos uma Feliz Páscoa e um supimpa peixinho na mesa, algo assim... tipo...um legítimo Bacalhau!

Depois é só comemorar com a coelhada achocolatada!

Afinal seu colesterol já estará na mira do bom peixinho.

Aos amigos, Bom Apetite!

Uma nota importante, ia me esquecendo:

Bacalhau é calórico, viu? É bom...mas engorda.

É melhor maneirar na porção dele, e na do chocolate também.