Quando tenho saudade do meu pai tomo Nescafé.

Não dá pra entender como funciona direito a nossa cabeça.

Algumas coisas são tão importantes que ocupam quase todo espaço.

Outras não fazem jus a um teco sequer.

E também tem outras que, apesar de parecerem míseras, que nunca farão a menor falta, ou a menor diferença, mas que na verdade são de efeito monumental.

Deixando as elocubrações de lado, nessa manhã pude perceber na prática o que isso tudo quer dizer.

Perdi meu pai, Gerd Silbiger, há dez anos.

Confesso que não fico cultuando a sua partida durante todos segundos do meu dia, mas tem horas em que bate uma saudade danada. Adorava meu pai.

Amigão, bom de papo, cúmplice fiel, companheiro das minhas derrapadas tantas.

Podia acontecer o que fosse, lá estava o seu ombro com todo seu aconchego, todo seu carinho, todo seu perdão.

Nessa manhã senti uma tremenda falta do papai.

No prédio em que trabalho, tem uma máquina que serve vários tipos de bebida para os funcionários do nosso Grupo, que fica num andar diferente em que está a Editora na qual sou gerente de operações, a Arte Escrita.

Intuitivamente, apertei o sexto andar no elevador, que é onde está a tal máquina.

Fui até lá e escolhi um copo de Nescafé.

Durante todo minha infância e adolescência, tomei café da manhã com meu pai e, no leite, sempre tinha Nescafé.

Na hora que coloquei o copo na boca e senti o cheiro do Nescafé, minha visão ficou turva, porque algumas lágrimas vieram à tona carregadas de saudade, de tristeza e de dor por não poder mais compartilhar esses gostosos momentos com querido meu pai.

O impacto durou alguns instantes, mas foi forte o suficiente para que esse cara já todo grisalho voltasse a ter seus 10, 11 anos e se visse com seu querido pai tomando o café da manhã de todos os dias.

Foi uma deliciosa homenagem a quem devo muito do que sou hoje e que, onde quer que esteja, desejo que esteja bem feliz.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 04/04/2012
Reeditado em 04/04/2012
Código do texto: T3593562
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