Velha Poesia
Seus olhos, verdes cintilantes olhos, jorravam inverdades desnudas, mentiras secretas, não ditas. Ecoavam sangue, zarpavam sentimentos, dedilhavam notas. A neblina cobria uma névoa branca do vestido azul anil que corrompia seu ventre. Sentou. O terminal do ônibus lotado, cheio do nada, transbordado de ninguém. O jeans velho desbotado, o crucifixo tatuado no dorso e o cigarro eram seus medos. - “Velha poesia!, que não me satisfaz”, dizia ela. Triste vida esta, não pior do que a que virá amanhã. Cada dia?: uma vida, um calhorda. Todos estes do além, que não percebem a doçura de um andar. Querem apenas sangue e fortuna. Não estão nem aí para os desafortunados dos becos do mundo. Não estão aí nem para suas mães, mulheres idosas que os pariram.