Semana Santa da Minha Infância: memórias
Nasci na semana santa. Por isso, meu nome ser “Edna” palavra hebraica que significa rejuvenescimento.
As memórias já são fragmentos, pois vêm de longe os momentos...!
Lembro que era assim... Na semana santa, na quarta-feira, por exemplo, segundo os mais velhos, não se podia varrer a casa, tomar banho... Poderia ficar entrevado, por que era quarta-feira de trevas... Confesso-lhes, não lembro se respeitei esse dogma. Tinha também que se cobrir as imagens com panos, para que as mesmas não vissem e/ou sentissem o sofrimento de Jesus; assim mim explicavam os mais velhos.
Começava da quarta-feira o consumo da carne de peixe - era festa para mim - é um alimento que não dispenso e nem troco por nada! Minha mãe o preparava no coco, uma maravilha! Comida de macaxeira como o beiju, cuscuz e bolo- pé-de-moleque. Tinha também, a esmola. Nesse período era mais presente pessoas a pedir esmola. Principalmente na sexta-feira; dia também de ir pedir a bênção aos padrinhos. Pois, além de ser abençoado, ainda se ganhava presentes, algumas vezes, dependendo dos padrinhos, presente em dinheiro...!
Assistir a morte e paixão de cristo pela TV; ir à missa. Essa parte eu não gostava. Não tenho paciência, até hoje, contam-se as vezes que fui à igreja.
O que trago realmente até hoje nas memórias do meu coração, é a imagem das minhas avós... A imagem do espaço, onde morava, o tempo e alguns vizinhos...
Lembro-me da minha avó materna, lamentando porque alguém se esquecera de cobrir as imagens... Ela, muito católica, mas graças, nada de fanatismo!
A minha avó paterna, quem fazia e faz até hoje, humm... Beijus deliciosos – beiju – mistura de massa de mandioca e coco. Parece com a tapioca, mas em minha opinião, o beiju é mais gostoso.
Lembro-me de seu Zé. Nossa ele sofria... Tinha-se também o costume de se roubar galinha, da sexta para o sábado. E ele criava galinha, cada uma! Rouba-se e todos comiam. Porém ninguém sabia e nem se ouvia nada! O roubo das galinhas, da madrugada do sábado era a resenha do seguinte, em todas as casas... Era mistério a ser resolvido. Mas para sorte do ladrão, nunca se descobria. E o seu Zé, sempre ficava no prejuízo!
O espaço era de uma fazenda... Ao sair na porta da minha casa, olhando para direita e/ou esquerda era uma estrada sem fim... Dos lados casas, mas separadas por matagais...
O tempo quando dia, era uma festa, gente indo e voltando; automóveis só os da fazenda. O que tinha mesmo e até poderia engarrafar o transito era o carro “onze”, eu não dispensava o meu, nunca! E eu não parava - era em casa dos meus avôs - bença vô, bença vó, bença tio, tia, madrinha, padrinho; tanto ir e vir que não podia dispensar o meu “onze”. rsss
Quando chegava a noite, entristecia, e, em dias de semana santa, mim parecia mais triste à noite... E mais, não tinha energia elétrica... Portanto, tudo era escuridão lá fora... Dentro de casa, tínhamos lampiões a querosene e a gás... Vivia-se no século XVIII, em pleno século XX...
Porém, o mais importante mim foi passado – que devemos ser solidários, fraternos e que todos são iguais – Não lhes falei de chocolate (principalmente do ovo de chocolate) porque segundo minha memória daquele tempo, ele não fazia parte da minha páscoa.
E infelizmente hoje, além de não sabermos mais, quais são os verdadeiros valores pascoais ainda nos é emburrado de goela adentro, sem direito de mastigar – os maravilhosos ovos de chocolates!
Perdoe-me se ficou meio confusa essa minha crônica sobre a semana santa, de quando eu era criança. Pois me esqueci de salvar em meu PC e pesquisar na net, os momentos vividos naquele tempo. Só salvei em meu coração e escacaviei as gavetas de minhas memórias, para poder esta crônica lhes escrever.
A todos uma ótima semana santa e um domingo de páscoa com muita renovação e solidariedade!
Obs.: O carro “onze” são os pés! - Risos.
E a TV, era ligada na bateria do carro do meu pai. Como falei, não tinha energia elétrica.
Natal-RN, terça-feira, 03 de abril de 2012, 19h00min