Prova para professor

Concurso público transformou-se numa verdadeira fonte de arrecadação. Há duas maneiras de começar a carreira de professor. A primeira são os contratos nascido do mais puro apadrinhamento político. A segunda através de concurso. Esse é o modelo educacional da "educação Detran" a que chegamos. Explico melhor: você entra no Detran para tentar aprender a dirigir e não ser reprovado. Reprovado você fica exposto ao ridículo de ter depositado um alto valor num negócio que apenas reprova ou aprova dizendo que ensina a dirigir. Com o ensino tem acontecido à mesma coisa. Você leva três a quatro anos e alguns cursos para se tornar um profissional. Vestem-se com roupa ridícula para dar testemunho a todos de que agora está pronta a criatura formada. O que deveria querer dizer apta para as funções. Mas não.

O concurso vem para desmentir os anos de estudo, depositando na falácia da ausência de vagas, a sua maior cretinice. Não há nenhuma inteligência nesse método. Tudo o que ocorre quando só existe “uma única vaga” para o cargo preterido é a insana diferenciação entre a sorte e a real capacidade para o cargo. A sorte mistura-se ao conhecimento num jogo de sutilezas. Aquele que conseguiu não ser enganado pelas questões habilmente emitidas para confundir é o Papa. Com alguma sorte alguém de porre poderá passar num concurso público em primeiro lugar. O pior é que ele passará a vida acreditando que é um ser superior e distinto dos reles mortais. Ele na verdade passou mentalmente a perna nos demais com sua brilhante capacidade racional.

O que temos é a alienação instituída por falta de opções. A última vez que participei de concurso observei que não havia naquela provação nenhuma pergunta referente ao campo de conhecimento denominado história. É preciso estudar “informática”, teoria, pasmem. (Alguém sabe por onde devemos começar a estudar informática para concurso?) Logo vem a didática que facilita para quem já está na área. Legislação como se fosse o professor advogar em sala de aula, e finalmente talvez alguma perguntinha sobre quem descobriu o país. Tudo isto em concurso para preencher vaga de professor em história.

Vou apostar e concorrer à única vaga disponível. Pagar aviltantes noventa reais e rir do mundo em que vivemos. Tenho medo de sair da sala de aula no dia do concurso como do Detran, sem carteira, sem dinheiro, tendo ainda que acreditar que nesse círculo temos algo parecido com educação. A educação Detran é isso mesmo: Nada mais aviltante do que pagar para ser discriminado. Vencerei pelo menos aqui no texto.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 03/04/2012
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T3592692
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