Pensamento Inaugural
Puxa que legal! Eu tenho até limite de caracteres para escrever! Teríamos Dom Casmurro se fossem dadas duas folhas para Machado? Ok, o problema não é o site, mas sim meu bolso, cujo crescimento não é tão rápido quanto o do capitalismo. Tudo bem, estou acostumado a trabalhar sob pressão!
Já que é meu primeiro texto, vou falar um pouco sobre mim, enquanto faltam 12 minutos para eu poder sair do escritório e ir pra faculdade. Eu estudo Direito, em uma faculdade particular bastante conhecida, na cidade de Curitiba. As aulas são no turno da noite, então aproveito para trabalhar das 08h as 17h em um escritório de advocacia, também bastante conhecido...
Nas minhas horas vagas, das 23h às 7h, eu aproveito para jantar, dormir, e acordar pra voltar ao trabalho. Sim, eu sou estagiário, e se você já foi, ou conhece um estagiário de direito, sabe que não é fácil. Faltam 8 minutos, do que mais posso falar? Eu gosto de ler, embora já não leia tanto quanto antigamente, e acho que se todas as pessoas fossem habituadas à leitura, teríamos uma sociedade mais capaz e menos dependente de representantes nem sempre honestos. Por que eu estou falando de política? Faltam 6 minutos. Ah como eu queria estar em casa, jogando meu videogame novo que mal tenho tempo pra jogar. Na verdade é porque os jogos são muitos caros, e meu salário muito baixo, mas também não quero passar meus fins de semana em casa jogando, concorda?
Já sei, vamos falar da minha infância. Eu odiava as aulas de educação física no ensino médio (não ia falar da infância?). No primeiro ano, a gente usava um uniforme horrível, a calça era de um azul fluorescente que quase brilhava no escuro, e a camiseta era de um tecido que dava coceiras depois de suar a manhã toda. No segundo ano o uniforme trocou, mas era bem caro, e como eu não gostava da aula mesmo, passei a frequentar a biblioteca da escola semanalmente. Lá eu encontrei em uma prateleira alguns exemplares de Ana Terra, de Veríssimo, e comecei a ler. Junto dele, tinha a continuação Um Certo Capitão Rodrigo (não tenho certeza), e eu li também. Quando percebi, era o final do bimestre, e minha nota em educação física foi assustadoramente maior do que quando eu frequentava as aulas. Ou seja, é uma matéria de extrema importância e os professores são verdadeiros fiscais quanto à presença e desempenho, não acha? É aquela imagem que temos de que "escolas particulares são sempre boas". Mas isso foi bom, eu lia vários livros e aprendia bastante coisa enquanto o resto da turma fazia zigue-zagues em cones laranjas na quadra.
Opa, extrapolei 1 minuto, vou cobrar horas extras do chefe! Não percam o próximo capítulo... ou percam.