Páscoa e crises
Literalmente a palavra “páscoa” quer dizer “passagem”. A festa da Páscoa, resumidamente, é a festa da libertação dos Hebreus do jugo egípcio de mais de quatrocentos anos. A data lembra um momento de passagem de uma fase da vida para outra. É uma celebração de vitória, mas indica também um momento de pura transição, quando se sai de uma circunstância definida para outra ainda imprecisa. A situação anterior pode ser ruim, mas não há dúvidas. As incertezas residem nos próximos passos. A isso chamamos “crise”. A páscoa também nos remete às crises. Benditas crises, que nos humanizam. Benditas decisões que tomamos sem saber para onde ir, mas certos que não queremos mais ficar. Deixar como estar talvez seja aceitar o cativeiro como estigma, a opressão como preceito e a infelicidade como companheira.
Sair do “Egito” não precisa de muita promessa, precisa de coragem e compreensão do que é dignidade. Sair da escravidão, da miséria, da vergonha, da culpa e de toda situação de exploração não necessita de uma revelação sobrenatural, mas de coragem, fé e esperança.
Coragem, fé e esperança nos movimentam em direções fantásticas. Elas não existem sem que produza mobilidade.
A coragem nos faz dar o primeiro passo na direção do rompimento com o status quo. É peitar o estabelecido, as estruturas, as algemas e caminhar na direção contrária a tudo que produz o mal.
A fé nos direciona a fazer o que é certo, o que é nobre, o que chamamos comumente de “vontade de Deus”, mesmo que não venhamos a colher os frutos do nosso labor.
Já a esperança nos move para olhar na melhor direção, acreditando que vai dar certo. Jamais andemos sem ela.
Que seja assim sua Páscoa, suas passagens, suas crises: momentos para agir com coragem, fé e esperança.