A EXCLUSÃO SOCIAL NÂO É JUSTIFICATIVA PARA A CORRUPÇÃO
Todos os dias, ao abrirmos as páginas dos jornais ou ao acessarmos as notícias postadas através dos recursos da internet , encontramos uma rotina que nos faz tremer as bases e recuar: São notícias que tingem de vermelho as páginas de nossa história, já que estamos a sucumbir vítimas de uma violência estarrecedora, sem controle e sem qualquer explicação . Quando surgem os comentários dos entendidos no assunto, daqueles que se arriscam a dar um palpite sobre situação tão vergonhosa, a desculpa que aparece de pronto é a seguinte: "Tudo o que está acontecendo em nosso país, em termos de avanço da violência urbana ou rural, é conseqüência da f alta de inclusão social".
E apesar da aparição de verdadeiros salvadores da Pátria, com frases filosóficas, fórmulas mágicas para tudo, os nossos brasileiros, especialmente a nossa juventude, descambam para o vício, para embriaguez, para as drogas e são exterminados em praçaS públicaS, dentro de suas casas, em suas comunidades, na presença de familiares e de crianças que, de tanto ver tais fatos já começam a ficar imunes à emoções e já acham tudo normal.
Os hospitais estão abarrotados, parecendo verdadeiras praças de guerra. Não há vagas para os cidadãos brasileiros que pagam os seus impostos, que trabalham de sol a sol, que cumprem as suas obrigações cívicas e políticas, que votam e elegem os seus representantes. Não há vagas para aqueles que recorrem ao SUS e ficam estendidos em macas, pelos corredores de hospitais , em situação de vexame e humilhação inadequados até para o mais vil dos seres humanos.
Escolas estão caindo aos pedaços. Crianças mal alimentadas, vítimas de falta de estrutura familiar e de descaso por parte de nossos representantes, enfim, de alguns políticos que se instalaram em nossa amada Pátria Brasil , fincando raízes como velhos jequitibás, criando um leque de influência tão grande que mais parecem personagens de uma dinastia, onde o poder passa de pai para filhos e prossegue assim anos a fio, até a quarta geração.
O governo incentiva o desarmamento dos cidadãos. Em contrapartida, as armas parecem que estão sendo produzidas de uma forma descontrolada e entram em nosso país pelas fronteiras, são contrabandeadas de uma maneira acintosa, e a nossa briosa Policia Federal e os fiscais da Receita Federal do Brasil e demais servidores , apesar dos esforços, não conseguem deter o ingresso de tais produtos, tendo em vista que não contam com um aparelhamento adequado, nem com uma quantidade de profissionais suficiente e capaz de fazer face a tal enfrentamento.
As cadeias estão abarrotadas de indivíduos que, salvo algumas exceções, recebem tratamento tão indigno que , quando conseguem expiar as suas penas e são declarados livres, trazem, na alma, rasgos tão profundos, humilhações de toda sorte, que os tornam
indolentes, embrutecidos, incapazes de discernir entre o bem e o mal, reincidindo em erro, tão logo conquistam a sonhada liberdade.
E a culpa, meus amigos, a culpa recai sempre na famosa e tão alardeada falta de inclusão social.
O pobre traz consigo um estigma desgraçado: Além de não conseguir ascender a uma situação financeira mais estável, de não poder comprar carros, roupas bonitas, colocar seus filhos em escolas particulares ou sair em turnês pelo mundo afora, rasgando dinheiro a torto e a direito, é visto como a escória da sociedade, como alguém que onera os cofres públicos a atravanca o progresso de nossa nação.
Todavia, não vai longe o tempo em que a população brasileira era menos rica (porque não havia essa política que, por distribuir bolsas que mais parecem esmolas, visto que, se atenuam um pouco a fome não suprem as verdadeiras necessidades de uma pessoa – trabalho, mesa farta, educação, saúde, cidadania – colocam na cabeça dos brasileiros uma ascensão fictícia, visto que ninguém fica rico da noite para o dia só porque conseguiu comer uma perna de frango a mais ou comprar uma televisão), e vivia em situação bem diferente. É verdade que as dificuldades sempre existiram, principalmente para aqueles que não nasceram em berço de ouro e que não tiveram o privilégio de ter seus antepassados como detentores de títulos de poder, que não se fixaram debaixo das asas dos velhos coronéis ou não faziam parte dos clãs de políticos. Mas, apesar de tudo, aos trancos e barrancos, íamos vivendo.
Só que nos últimos anos a coisa despencou. Está um verdadeiro descalabro. Quase nem se pode sair de casa, assaltos a bancos, drogas, falta de assistência de toda a sorte, de uma administração pelo menos razoável, falta de vontade política para resolver os problemas sociais com os quais nos deparamos, falta de envolvimento, por parte de nós, os cidadãos e cidadãs brasileiros ,que por medo, ignorância ou apatia, não damos a devida importância à a situação política e social em que vivemos e, principalmente, falta de compromisso daqueles que, de quatro em quatro anos, surgem em suas naves espaciais, descem dos seus pedestais e se misturam à plebe, dando uma de salvadores da Pátria, com fórmulas prontas para solucionar quaisquer problemas e ,após arrancar do eleitor o sagrado voto, voam como aves de rapina, vão planar em seus redutos, participar de banqueteS deveras fartoS, deixando para trás os seus eleitores e as promessas feitas ao calor das emoções eleitorais.
Se as dificuldades que enfrentamos são mesmo decorrentes da falta de inclusão social, cujos personagens são sempre os pobres, descamisados, desempregados e analfabetos, o que dizer dos criminosos de colarinho branco que usam gravatas importadas, desfilam em carrões e movimentam verdadeiras fortunas em bancos nacionais e estrangeiros , vivem em palacetes, apartamentos bem montados, muitos dos quais com aluguéis pagos às custas de nosso suor, da parcela que é subtraída de nossos salários a título de impostos, taxas e contribuições?
Que dizer daqueles que desviam as verbas que são destinadas a investimentos na saúde, em nossas estradas, na educação de nossos jovens e crianças, e ao custeio das despesas enfrentadas por nossa nação?
Será que para eles também falta a inclusão social?
Nos últimos anos, vivemos em meio a uma onda de denúncias tão grande que parece não ter mais conserto. A imprensa faz o papel fiscalizador. E quase sempre, graças a imprensa que fica batendo nas teclas das maracutaias, a poeira se levanta, o tapete desliza e a máscara de alguns cai!
É claro que não podemos generalizar. Há pessoas que não compactuam com tremenda falta de vergonha. O mal não pode prevalecer sobre o bem; a desonra não pode macular a honra daqueles que se portam com dignidade.
Ao final do meu cansativo e extenso desabafo eu gostaria de deixar para os leitores, enfim, para todos aqueles que estão em sintonia com o meu pensamento, a seguinte proposta:
Que tal se conseguíssemos uma Emenda Constitucional que versasse sobre a “Exclusão Social”, ou seja, se pudéssemos, através da vontade de nosso povo, inserir em nossa Carta Magna uma lei com a seguinte disposição:
“Art. 1º- Será excluído do seio da sociedade brasileira, em caráter permanente, todo aquele que, comportando-se de uma maneira nociva e antipatriótica, agir da seguinte forma:
1) Aplicar de modo desastroso os recursos arrecadados pela União, pelos Estados e pelos Municípios, cujos valores são destinados a garantir os direitos de nossos cidadãos, atender à saúde, educação, segurança, moradia digna, deveres da nação para com os seus filhos, consagrados em nossa Constituição;
2) Praticar qualquer sorte de assalto, usando armas letais ou palavras imorais, subtraindo das pessoas os seus bens, arrombando os cofres dos bancos, desviando recursos das contas bancárias de terceiros ou dilapidando o patrimônio nacional através de licitações fraudulentas, enriquecimento ilícito, contrabando, descaminho, contravenções, tráfico de drogas e de influência;
3) Mentir, enganar, aproveitar-se da boa fé das pessoas com promessas e propagandas enganosas;
4) Aproveitar -se das prerrogativas que lhe são garantidas por lei para, sob a proteção das mesmas, cometer desmandos, crimes, e toda a sorte de atitudes que envergonhem e aviltem a nossa Nação.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário. ”
E por fim, caros leitores, se lançássemos uma rede dessas ao mar de lama em que nos debatemos, será que pegaríamos alguns tubarões?
Maria do Socorro Domingos dos Santos Silva
João Pessoa, 02/04/2012