A CARA DA COROA
Quando eu era universitária mas já trabalhava em colégios, algumas vezes fui barrada no portão. A servente dizia que a entrada de alunos era do outro lado. Eu achava graça e obedecia à sua ordem. Agora acho graça, e fico intrigada, quando nos mais variados lugares de repente me perguntam: a senhora é professora? Assim acontece em padarias, decerto porque peço pãezinhos em vez de pãozinhos, embora tenha certeza de não ser a única a fazer isso. Outro dia a moça do estacionamento, com quem tenho curtíssimos diálogos, me fez a mesma pergunta. Fiquei espantada e ela disse que tenho jeito de professora. Na sequência, o atendente do banco sem mais nem menos também perguntou. Fui olhar carros numa loja e em meio às informações sobre o veículo, o vendedor saiu com essa: a senhora é professora, não é mesmo?... Dei risada. Se eu andasse de avental (ou guarda-pó) como se usava antigamente e carregando livros, talvez desse bandeira. Mas não é o caso. O pior aconteceu a semana passada. Assim que entrei num bar para tomar um cafezinho, um bebum me cumprimentou entusiasmado, falando alto com a voz enrolada: boa tarde, professora! Imediatamente desisti do café e saí apressadinha.
Será que tudo isso é porque uso óculos? Ou tenho cara de brava...