SELVA DE LUTO
SELVA DE LUTO
Ariel morreu. O bom Ariel. Dentre os filhos de mamãe Geyse era o mais comportado. Obediente, o melhor parceiro dela. Auxiliava-a em todos afazeres. Dificilmente se afastava dela. Não era dado a aventuras, como seus irmãos, que desde a mais tenra idade, já apresentavam os dotes de caçadores em busca da subsistência.
Essa situação fez com que virasse uma espécie de vítima dos demais habitantes do lugar. Uns o taxavam de tímido, outros de gay. O fato é que ele trazia algo de diferente em seu modo de viver.
Na verdade, Ariel não deveria ter nascido leão. Jamais sentaria no trono de “rei das selvas”. Sua vinda ao mundo nessa condição, foi um mero acaso. Sua índole era de um ser que só deveria fazer o bem. Daqueles seres, como alguns humanos, enviados para cumprir um papel do bem. Ser igual a um membro de entidade religiosa voltada para os trabalhos catequéticos, voluntários, missionários, nas comunidades indígenas mais afastadas da civilização.
Além de tudo, o quê de ruim a natureza lhe premiou, foi ele ser desprovido de boa saúde. Vivia necessitando dos cuidados de veterinários. Ora problemas respiratórios, ora gástricos, sempre estava em tratamento.
Agora Geyse não pode mais desfrutar da companhia de seu filho amado, que não mais aguentando tanto sofrimento, partiu para o lugar onde moram os bons, deixando uma saudade imensa em todos aqueles que gozaram de sua companhia tão gostosa!
Descanse em paz, Ariel!
(TEXTO ESCRITO EM 2011)