OS POETAS ABSTÊMIOS, OU NÃO BOÊMIOS, FORAM OS MELHORES.

A vida vai passando e a gente vai vendo que muito daquilo que tínhamos como inquestionável se torna por “demais questionável”.
 
O poeta estava errado:
 
“Só quem ama ou amou pode sim, ser feliz sozinho”.
 
Chico Buarque, em seu último CD, escancara com coragem o seu tempo maduro, experimenta, nos seus setenta, que viver este momento traz a liberdade de estar só e vira então o dono do seu tempo e dá um exemplo, sem querer ser, que da vida bem vivida também vem uma naturalidade feliz que não precisa de explicações.
 
Fala dos anos chegados com uma naturalidade que escancara a fugacidade daqueles que não querem nunca envelhecer, pois não foram conhecedores de momentos ou vivências que trazem o amadurecimento para este período da vida.
 
Mario Quintana, o morador feliz de hotel (vanguardista nisso), se mantinha ali olhando a praça da janela, convivendo com todos de forma normalissíma, principalmente com os pássaros da praça, sem uma familia ao lado, que todos horrorosamente têm medo de não ter.
 
Não teve o medo de ser visto só, pois com todos compartilhava e não se ligava e vivem bem uma vida que, como diz o Chico Buarque , os outros tem pena, como se viver só esteja sempre ligada à infelicidade, o que não tem nada a ver.
 
Cartola sempre com a vida caseira, feliz ao seu modo, enviuvou e casou com a d. Zica, nada de muitas conquistas, mas dali saiu “o perfume das flores que muitos cantam, mas não sabem sentir”.

Cabral de Melo Neto uma vida de familia tradicional, um pensador do seu tempo, embora tenha morrido infeliz e amargurado por outros motivos.

E as poetisas que não conheceram a noite e marcaram os seus nomes entre as maiores poetisas entre todos os poetas do nosso tempo.
 
Drumont, também, uma vida pacata, de funcionário público, que nada lembra a dos poetas das madrugadas que não eram felizes como...
 
... o Vinicius que errou no:
 
Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”.
 
Poeticamente a frase tem plasticidade, mas traz uma verdade complementada com uma inverdade.
 
Quem amou sabe que não é assim tão fácil substituí-lo.
 
Vinicius foi muito amado, mas será que conheceu o amar?

Os poetas etílicos não tinham concorrência na noite, eram sempre a atenção principal, pois com o violão na mão davam o tom e as conquistas eram facilitadas, e por isto, na noite, ou na bebida, muitos se perderam, como o próprio Vinicius, Leminski, Noel e tantos outros.
 
Como é fácil aprender a ser amado quando só sobra (soçobra?) esta opção para quem, na verdade não conhece o amar, conhece só o ser amado, mas ser amado por milhões não substitui nunca o amar alguém e onde existe o verdadeiro amor, acabou-se as conquistas, pois nada nos dá mais felicidade do que este amar. 

Agora podemos é claro termos diversos amores durante a vida, principalmente nos dias de hoje, onde o amadurecimento dos conjujes nem sempre se dá em harmonia podendo perder, portanto, o encanto ao longo do tempo, mas isto não se dá da noite para o dia.

A felicidade está no amar, na alma que está amando, e não só na que se faz ser amada, que é muito mais fácil para quem aprendeu a astúcia da consquista, (propositadamente não digo "a arte da conquista"), pois não existe arte ai, é apenas a articulação afinada da malícia, mas ela não dá felicidade, só muitas parceiras.

Muitos assim se mantém pelo status que a noite dá e o ar de intelectualidade que afaga os seus egos, pois quem não conhece os "filósofos de botequins", que acabam se afundando neste engano, como exemplo o Sócrates, da democracia corintiana e o próprio Vinicius, além de muitos outros exemplos mundiais que criaram imortais melodias, mas que morreram solitários e à base de enchurradas de barbitúricos ou drogas.

Por isto muitos poetas se dizem sofrer, mas é que ainda não aprenderam a amar, e para se abrirem para este amar tem depois aue abrir mão da bôemia, e sem abrir mão desta não se realizam plenamente, e não ficam sabendo na sua maior parte o que é isso, o que é este amar, e ficam só nas paixões fugazes da noite lubifricadas por bebidas.

Gostam do vício da noite e por isto falam tanto da solidão, ao invés de falar de felicidade, que acontece durante o dia, sem nenuma bebida, e não fazendo assim se condenam a nunca amarem mesmo.

Pobres homens que não sabem que a felicidade está no amar e não na vontade e na capacidade de conseguir tanto ser amado.

O amor que se alimenta sozinho, não precisando de nenhum outro complemento como noitadas ou outras aventuras.

Ele é, simplesmente está ali, aquele coração se tornou a sua morada e ai terá a sua moradora duradoura, como tiveram Dorival Caymmi, Tom jobim, Lupcinio Rodrigues, entre outros.

E os papos não “são tão intelectuais”, tão hilários e criativos nas mesas de bar, é só a bebida que dá este brilho ilusório.
 
Como pode ser simples as conquistas quando não é o amor a nos ditar e onde, ainda pior, prevalecem as atuais modernidades do só "pegar".

É isto que acontece, às mulheres e homens, deste "só pegar", mas que acordam sempre de ressaca, tanto da bebida como do amor, e ai voltam para a noite para uma nova busca, uma nova oportunidade que vai se enternizando, e assim vai até onde ninguém sabe aonde vai dar, ou melhor, só em infelicidades.
 
Com certeza muitas vidas foram perdidas em vidas mal vividas e que não eram "vidas severinas".

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 "Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass - www.graal.org.br