POBRE MAS LIMPINHA

POBRE MAS LIMPINHA

Jorge Linhaça

Em frente à Assembléia legislativa de Porto Alegre, uma cena me chamou a atenção.

Andava eu em torno da praça Julio de Castilho, quando deparei-me com a inusitada cena a se desenrolar...

Uma senhora, por certo moradora de rua, como tantas outras, despejava água de uma garrafa sobre os cabelos ensaboados, ali sentada na calçada... a príncipio não dei atenção mas quando caí em mim lançei-lhe um segundo olhar, a mulher de meia idade usava saia e no movimento que fazia acocorada para lavar os cabelos ensaboados, deixava aparecer a sua calçinha, branca, alva, impoluta.

Fiquei imaginando quem poderia ser aquela mulher, de onde vinha, como foi parar nas ruas, e como não perdera seus hábitos de higiene...desta vez ficou apenas na minha imaginação...minha cabeça pensava em um poema e em problemas ao mesmo tempo, e quando me dei conta, já havia deixado para trás a cena e sua protagonista...

As respostas não as saberei talvez...mas as dúvidas, ah, essas persistirão enquanto a cena ainda viver em minha memória.