A MUSA ALEMÃ NA VISÃO DE UMA QUASE CONTERRÂNEA (DEUS ME LIVRE)

Nasci numa cidade do Vale do Rio dos Sinos, região de colonização alemã das mais antigas do nosso estado, 1824. Quando criança naquela então vila de Campo Bom, eu achava que os nomes seriam todos como os de pessoas com quem tinha os primeiros contatos, incluindo parentes ,amigos, o Pastor da Igreja Evangélica Luterana, que até era estrangeiro. Em minha casa meus avós maternos só falavam alemão entre si e com minha mãe. Eu aprendi as duas línguas juntas e isso já me proporcionou uma facilidade em mais tarde entender como funiconavam o francês e o inglês, com suas estruturas particulares.

Pra mim, as pessoas no mundo se chamavam Steigleder, Brodt, Petry, von Meisterling, Rothfuchs, Jacobus, Bauer, Hans, e por aí afora.

Pra nós, ser loiro e muito branco era uma coisa totalmente banal, algo que parecia ser a mais frequente possibilidade de aparência. Meu pai, que tinha a tez bronzeada, cabelo preto, já tinha sido olhado de lado quando começou a namorar a minha mãe. E como tudo que é dominante em um grupo social, ser branco e alemão não conferia nehum status especial, pelo contrário. Então os mais refinados, digamos assim, com mais vivência na quase cidade, consideravam que ser chamdo de alemão batata, alemão colono, era algo bem ofensivo. E como na época o modelo alta, magra e loira ainda não era referência de beleza, a gente achava essas moças espigadas, sardentas, magras, as criaturas mais feias desse mundo, umas baratas descascadas. Quando Ieda Maria Vargas foi Miss Universo, as morenas eram mesmo no Rio Grande do Sul, a grande preferência.

Assim, estando aqui no Recanto há poucos meses, conheci a nossa falecida que não faleceu, a tal Alma Welt, com quem antipatizei de cara. Constava que ela nascera em Novo Hamburgo, cidade que emenda com Campo Boim, onde vivi até os 23 anos. O nosso passeio sempre foi ir a Novo Hamburgo que já era cidade há mais tempo. Tinha parentes lá e nunca ouvira falar em um médico com tal sobrenome, e médicos naquela época ainda existiam em pequeno número e todo mundo sabia seus nomes. Ainda mais sendo tão ricos. Pelo fato de terem comprado aquela enorme fazenda e possuirem a tal fortuna aludida, não teriam passado em branco. Eu percebia que aquele perfil era um trabalho de marketing e em um dos emails que enviei a ela, perguntei se havia necessidade de dizer em seu perfil que tinha um irmão que possuía uma FERRARI. Na verdade, era o perfil da família, para encaixar a personagem contraditória e extraordinária. O que eu nem de longe suspeitava, é que ela própria fazia parte dos instrumentos de propaganda.

Quanto aos textos, ao lado de alguns poemas bons, com qualidade literária, os poucos que li, apareciam crônicas bastante fracas, onde a tônica era a atração fisica que ela despertava e que terminava sempre em sexo. Sobre isso escrevi a ela também uma vez. Disse que o excessivo apelo sexual desvirtuava o texto e que sua repetitiva fórmula de exacerbar a própria beleza e apetite sexual um tanto masculino, tomando sempre a iniciativa, transformavam sua literatura em sensacionalista e vulgar. Somando sua relação incestuosa com o irmão, com seus casos com mulheres temperados de aberrações, com suas tórridas deitadas com homens que geralmente caçava, surge uma pessoa bastante inverossímil, cujo comportamento remete a um ser bastante desequilibrado que não combina com a meiga moça que adorava os sobrinhos e tinha qualidades de caráter íntegro, coisas que não me parecem compatíveis. Ela vivenciava todas as condutas aberrantes que temos na literatura pornográfica, envolvida por elementos que disfarçavam e valorizavam a mercadoria, como grande cultura, beleza, gosto pela arte, riqueza, glamour. Se olharmos pra nossas escrevinhadoras do lado dos Eróticos do Recanto, encontraremos este mesmo expediente, onde uma delas, na sequência de uns 100 textos da pesada, publica,intercalados, textos de litertura acadêmcia, numa tentativa notória de valorizar o passe e ainda pelo contraste, arancar mais vibrações da torcida. Todo mundo conhece as famosas roupas de enfermeira, médica, estudante, e tantas outras. Pra que servem? Para vender melhor a mercadoria que é sempre a mesma, mas com uma "embalagem" que instiga a imaginação. As meninas do "baixo clero" do nosso Recanto, torcem o nariz para as frescuras da Alma. Vão direto ao ponto.

Fico imaginando a decepção de quem a levou a sério e trocou correspndência com ela. E eu quase me senti culpada pelas palavras que lhe enviei outrora, no momento em que soube de sua morte. Felizmente, agora, posso dizer que aqulea alemoa batata, como dizem por aqui, nunca me enganou. E a prova está aí, nesta correspondência curta e definitiva que tivemos, após ela ter me bloqueado. Sei que o regulamento proíbe publicação de correspondência privada, mas como a pessoa em questão não existe, fica tudo como uma louca ficção.

CORRESPONDÊNCIA TROCADA EM 03 DE SETEMBRO DE 2006

Em (16:45:49), tania escreveu:

>bloquear comentários negativos, é como enfiar a cabeça na areia e pensar

>que está a salvo. É inútil, e no seu caso, desonesto.

>

MENSAGEM DA ALMA

-> Querida Tania

> Tu és a única a me enviar "comentários negativos". Não será o caso de

> fazeres tu mesma uma "auto-crítica"? Creio, sinceramente que se não podemos

> ser gentis com as pessoas devemos nos eximir de expressar coisas que podem

> magoar, ofender. Por outro lado, temos o direito de tapar os ouvidos, para

> essas ofensas, camufladas de "críticas". Para isso temos o recurso que o

> Recanto nos faculta. Mas creio, também que se me conheceres melhor, lendo

> mais textos meus, perceberás o cunho simbólico e fabulatório de tudo o que

> escrevo, embora seja tudo baseado nos fatos reais da minha vida. Enfim, É

> TUDO VERDADE!, e quem tem essa coragem, pode se dar ao luxo de escolher os

> retornos que quer ouvir.

> Não me queira mal, não te quero mal. Se fores boazinha comigo eu te

> desbloqueio, tá? (risos). Quem sabe seremos amigas e eu vou ler com gosto os

> teus textos, que ainda não conheço.

> Um beijo por conta

> da Alma

MINHA RESPOSTA

Mas que pessoa genial que tu és, de uma generosidade tão falsa como as

tuas pretensas boas intenções para com leitores que expressam

comentários que tu consideras ofensas, caso não louvem o teu ego.

Dizer , se bem me lembro que o texto é banal, pouco criativo, com

referências de erudição explicadas ao pé da página( um súcubo, por

que não dizer demônio?) pra evidenciar a erudição da autora, não me

parece nenhuma ofensa. A não ser que consideres ofensa qualquer

comentário que não louve a genial escritora que precisa se valer de um

marketing vagabundo como esse de mulher especial, bonita, com uma

vida cheia de aberrarções sexuais, coisa que qualquer marketeiro de

atrizinha de quinta sabe elaborar. E em que aumenta o mérito do

trabalho ser baseado na vida real da escritora? Muita gente que

escreve pode ser bonita, linda, ter um vida pouco ortodoxa, mas em

que isso vai engrandecer sua literatura? Tenho visto muito esta

história de baseado em fatos reais. Vende, né? Ainda mais se forem

reais mesmo, como afirmas! Quanto ao teu bloqueio ou desbloqueio, não

vou negociar tal direito. Faz como achar melhor. Sou só leitora, nada

pessoal.

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tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 25/01/2007
Reeditado em 28/08/2009
Código do texto: T358692
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