O PESO DO MEU MUNDO
Acordou e sentiu o peso nas costas. Deslizou a mão e logo percebeu uma protuberância na região do omoplata, um calombo enorme. Também, sempre quis carregar o mundo, mas seus braços não suportaram tanto e pediram e dividiram o fardo com os ombros. E agora o lombo reclama. A dor era tanta que até considerou ter sido, em encarnação remota, um legítimo burro de carga.
Não sabia o que fazer, não era dor de uma patologia específica. Era dor do mundo que carregava e não era seu mundo, mas entranhava em si aos poucos. E sabia que doeria muito mais se deixasse para trás toda a carga que escolheu transportar. Não era opção. Queria apenas outro lombo que se dispusesse a partilhar um pouco de seu peso. Queria alívio.