O Homem das Telecomunicações
Como já dizia Luiz Gonzaga, nasci num lugar onde não havia “nem rádio nem notícias das terras civilizadas”. Mas, felizmente, a minha primeira profissão foi na área de telecomunicações. Tornei-me Radiotelegrafista já aos 18 anos de idade, conseguindo um emprego público federal, um anseio de qualquer jovem daquela época. Para os jovens de hoje, que vivem a era da internet, é preciso traduzir o que vinha a ser RADIOTELEGRAFIA, hoje totalmente em desuso. TELE – à distância, GRAFIA – escrita, via RÁDIO. Mas não era em nossa linguagem comum, como hoje é possível, por meio da radiofonia. Era por meio do alfabeto MORSE, representado por sons curtos e longos, com transmissão média de até vinte e cinco palavras por minutos para o bom profissional. O FOCA nem a isso chegava. Tive o privilégio de chegar à categoria de primeira classe, cujo Certificado foi expedido pela antiga Escola Edison do Rio de Janeiro, ainda na chamada Era da Ditadura Militar. Sentia-me orgulhoso com aquele certificado e com a profissão que exercia. Entretanto, o avanço tecnológico logo haveria de dispensar aquela função, com o advento do telex, fax e agora a internet. Tive que admitir a MUDANÇA, uma palavra que entrou em voga na moderna administração, mas que já era citada pelo filósofo Heráclito. “Na vida, a única coisa que é constante é a própria mudança”.
Adaptei-me. Também sou um navegador desta moderna nave. E graças a ela estou aqui no Recanto das Letras. Sou um novo homem das telecomunicações.