Qual o valor do tempo?
Naquela casa amarela ainda existem traços de alguém...alguém que há pouco se fora e levou junto um pedaço da felicidade que se edificou no instante em que marido e mulher pisaram ali pela primeira vez.A cozinha ainda guarda o aroma daquele café forte que só as mãos paternas sabiam fazer; o sofá vermelho ainda traz a lembrança do homem que com orgulho se sentava e ali ficava horas e horas a corrigir os cadernos das filhas...nem mais um gesto...quietude, apenas.No quintal, as samambaias tristes anunciavam o que só pode ser entendido com lágrimas.No quarto as dores invadem as paredes e tomam conta do livro de cabeceira ainda com a página marcada, esperando que um dia aquelas mãos já castigadas pelo tempo voltem a manipulá-las... Na cadeira de balanço onde antes havia meu pai, hoje só há SAUDADE.