SALADA, NEM PENSAR!
Nadão e Nadinho tem sido dois grandes amigos, desses inseparáveis, que na maioria das vezes um participa ativamente de tudo o que o outro faz e vice-versa.
Nadinho é um desses garotos que gostam muito de nadar. Ele é igual a um peixe. Dizem até que ele tem escamas no corpo, surgidas em virtude de sua permanência diária nas águas de um rio caudaloso que banha a sua cidade.
No começo de tudo, ou melhor, no início da formação do pequeno povoado que anos mais tarde se transformaria em cidade, o rio era muito freqüentado por banhistas de outros municípios e por todos os garotos da região. Era uma verdadeira praia fluvial. A água era muito limpa e a população local, apesar de ser formada por trabalhadores rurais, era bem organizada como se urbana fosse.
Todos os banhistas que freqüentavam aquele trecho escolhido como sua praia, tinham o cuidado de mantê-la limpa e organizada. Pareciam atitudes de pessoas de primeiro mundo, sempre voltadas para a preservação do seu meio ambiente.
Nadão, desde muito pequeno, adorava ir à praia fluvial da sua região, mas não tinha muita intimidade com a água. Na verdade ele não sabia nadar ou se sabia era bem pouco, quase nada, sendo essa uma das razões de ter recebido o apelido de Nadão.
Há outras versões para esse seu apelido. Uns dizem que vem desde a sua infância, período em que ele era muito traquinas, no entanto, para outros o apelido provém mesmo da sua aversão à água. Ele detestava tomar banho, ainda que fosse em pleno dia de sol.
Inegavelmente, Nadão era um desses garotos muito danado e devido à incidência de traquinices por ele cometidas, a sua família, os amigos e conhecidos chamavam-no de garoto danadão. Por ele ser, realmente, um garoto muito levado, ele foi mais tarde batizado pelos seus colegas pelo cognome de Nadão.
No dia do seu batismo, às margem do rio Águas Claras, foi uma festa e tanto. Era tradição regional batizar com um apelido, aquela garotada traquinas que freqüentava a linda praia fluvial, formada pela areia deixada pelas águas do rio Águas Claras, fenômeno esse que naquela época era constante, sobretudo nos períodos chuvosos.
Após as solenidades que envolviam o batismo da garotada, haveria um almoço na praça de alimentação do Prato Nobre Águas Claras, um desses restaurantes "self-service", onde as pessoas podem comer até desmaiar por um preço fixo. O Nadinho, amigo inseparável do Nadão, apesar de seu comportamento menos irrequieto, não via a hora de terminar os festejos da sua comunidade, lá na beira da praia, para dali saírem em direção ao local onde seria servido o almoço.
- Será que vai ter comida com fartura nesse tal almoço que o Sr. Paulão vai nos dar? - perguntou o Nadão para o seu amigo Nadinho, com um ar de pessoa faminta e preocupada.
- Qual nada rapaz, pelo que já me disseram, lá no banquete vai ter de tudo - retrucou Nadinho. Para você ter uma idéia da minha preocupação, eu estou jejuando desde hoje cedo para não passar vergonha na hora que eu me sentar à mesa - completou.
Era um dia muito movimentado nos arredores do município de Catuaba, local onde deveriam comparecer os garotos “batizados” e para lá se dirigiram no lombo de uma mula, os amigos do peito, Nadão e Nadinho. Até que a distância não era tão grande, mas a ansiedade deles faria com que eles chegassem muito cansados ao local do evento.
Antes de se dirigirem finalmente para o tal Grande Hotel, fizeram uma oração pedindo ao Senhor São Bento que lhes ajudassem. São Bento é um dos santos padroeiros do camponês pátrio e alguns deles dizem até que esse santo protege os rebanhos em geral contra picadas de cobras e demais bichos peçonhentos.
Vamos deixar de lado a preocupação dos dois garotos e nos situaremos no salão nobre do Grande Hotel para vermos de perto o que está se passando por lá.
Era um banquete de primeira grandeza. Garçons iam e vinham com suas bandejas lotadas de comidas. Era uma situação de “dar água na boca” até daquele que não gostava de água, assim como o garoto Nadão.
E lá estavam todos os garotos batizados nas águas do rio Águas Claras e os premiados na corrida de cavalos que tinha acontecido no dia anterior.
- Já vamos começar! Anunciou o patrocinador do banquete - e todos partiram de pratos e talheres nas mãos em direção ao recinto onde seria servido o almoço e em poucos segundos cada um preparava caprichosamente o seu prato. A primeira rodada da bebida era servida de graça. Só pagaria para beber aquele que participasse da rodada seguinte.
Nadão foi um dos primeiros garotos a preparar a sua refeição. O prato dele mais parecia uma montanha. Tinha de tudo um pouco e ele, para não correr o risco de engasgar-se, comia lentamente, mas já estava de olhos fixos nas sobremesas. O Nadinho que estava sentado à esquerda do garoto Nadão, nem se mexia para olhar o que acontecia à sua volta. Comia normalmente, dando a entender que a sua vontade de comer já havia passado.
De repente, ele resolveu olhar o segundo prato do Nadão e viu que nele só tinha carne e uma porção mínima de arroz. Salada, pelo visto ele não queria nem pensar, e sem querer melindrar o seu amigo, lhe sugeriu gentilmente:
- Coma salada Nadão, é bom para a digestão!
Nadão, ainda de boca cheia, lhe respondeu prontamente:
- Você acha que eu sou besta para comer esse feijão preto misturado com esse mato? - Eu vim aqui somente para comer carne e pronto. Coma você, suas folhas, feito um camaleão esfomeado.
Terminado o almoço cada convidado foi para sua casa e até hoje esse episódio ficou conhecido como o dia em que o "garoto Nadão só queria carne no seu prato, sem feijão preto junto com mato. Salada, nem pensar!”
Nadão e Nadinho tem sido dois grandes amigos, desses inseparáveis, que na maioria das vezes um participa ativamente de tudo o que o outro faz e vice-versa.
Nadinho é um desses garotos que gostam muito de nadar. Ele é igual a um peixe. Dizem até que ele tem escamas no corpo, surgidas em virtude de sua permanência diária nas águas de um rio caudaloso que banha a sua cidade.
No começo de tudo, ou melhor, no início da formação do pequeno povoado que anos mais tarde se transformaria em cidade, o rio era muito freqüentado por banhistas de outros municípios e por todos os garotos da região. Era uma verdadeira praia fluvial. A água era muito limpa e a população local, apesar de ser formada por trabalhadores rurais, era bem organizada como se urbana fosse.
Todos os banhistas que freqüentavam aquele trecho escolhido como sua praia, tinham o cuidado de mantê-la limpa e organizada. Pareciam atitudes de pessoas de primeiro mundo, sempre voltadas para a preservação do seu meio ambiente.
Nadão, desde muito pequeno, adorava ir à praia fluvial da sua região, mas não tinha muita intimidade com a água. Na verdade ele não sabia nadar ou se sabia era bem pouco, quase nada, sendo essa uma das razões de ter recebido o apelido de Nadão.
Há outras versões para esse seu apelido. Uns dizem que vem desde a sua infância, período em que ele era muito traquinas, no entanto, para outros o apelido provém mesmo da sua aversão à água. Ele detestava tomar banho, ainda que fosse em pleno dia de sol.
Inegavelmente, Nadão era um desses garotos muito danado e devido à incidência de traquinices por ele cometidas, a sua família, os amigos e conhecidos chamavam-no de garoto danadão. Por ele ser, realmente, um garoto muito levado, ele foi mais tarde batizado pelos seus colegas pelo cognome de Nadão.
No dia do seu batismo, às margem do rio Águas Claras, foi uma festa e tanto. Era tradição regional batizar com um apelido, aquela garotada traquinas que freqüentava a linda praia fluvial, formada pela areia deixada pelas águas do rio Águas Claras, fenômeno esse que naquela época era constante, sobretudo nos períodos chuvosos.
Após as solenidades que envolviam o batismo da garotada, haveria um almoço na praça de alimentação do Prato Nobre Águas Claras, um desses restaurantes "self-service", onde as pessoas podem comer até desmaiar por um preço fixo. O Nadinho, amigo inseparável do Nadão, apesar de seu comportamento menos irrequieto, não via a hora de terminar os festejos da sua comunidade, lá na beira da praia, para dali saírem em direção ao local onde seria servido o almoço.
- Será que vai ter comida com fartura nesse tal almoço que o Sr. Paulão vai nos dar? - perguntou o Nadão para o seu amigo Nadinho, com um ar de pessoa faminta e preocupada.
- Qual nada rapaz, pelo que já me disseram, lá no banquete vai ter de tudo - retrucou Nadinho. Para você ter uma idéia da minha preocupação, eu estou jejuando desde hoje cedo para não passar vergonha na hora que eu me sentar à mesa - completou.
Era um dia muito movimentado nos arredores do município de Catuaba, local onde deveriam comparecer os garotos “batizados” e para lá se dirigiram no lombo de uma mula, os amigos do peito, Nadão e Nadinho. Até que a distância não era tão grande, mas a ansiedade deles faria com que eles chegassem muito cansados ao local do evento.
Antes de se dirigirem finalmente para o tal Grande Hotel, fizeram uma oração pedindo ao Senhor São Bento que lhes ajudassem. São Bento é um dos santos padroeiros do camponês pátrio e alguns deles dizem até que esse santo protege os rebanhos em geral contra picadas de cobras e demais bichos peçonhentos.
Vamos deixar de lado a preocupação dos dois garotos e nos situaremos no salão nobre do Grande Hotel para vermos de perto o que está se passando por lá.
Era um banquete de primeira grandeza. Garçons iam e vinham com suas bandejas lotadas de comidas. Era uma situação de “dar água na boca” até daquele que não gostava de água, assim como o garoto Nadão.
E lá estavam todos os garotos batizados nas águas do rio Águas Claras e os premiados na corrida de cavalos que tinha acontecido no dia anterior.
- Já vamos começar! Anunciou o patrocinador do banquete - e todos partiram de pratos e talheres nas mãos em direção ao recinto onde seria servido o almoço e em poucos segundos cada um preparava caprichosamente o seu prato. A primeira rodada da bebida era servida de graça. Só pagaria para beber aquele que participasse da rodada seguinte.
Nadão foi um dos primeiros garotos a preparar a sua refeição. O prato dele mais parecia uma montanha. Tinha de tudo um pouco e ele, para não correr o risco de engasgar-se, comia lentamente, mas já estava de olhos fixos nas sobremesas. O Nadinho que estava sentado à esquerda do garoto Nadão, nem se mexia para olhar o que acontecia à sua volta. Comia normalmente, dando a entender que a sua vontade de comer já havia passado.
De repente, ele resolveu olhar o segundo prato do Nadão e viu que nele só tinha carne e uma porção mínima de arroz. Salada, pelo visto ele não queria nem pensar, e sem querer melindrar o seu amigo, lhe sugeriu gentilmente:
- Coma salada Nadão, é bom para a digestão!
Nadão, ainda de boca cheia, lhe respondeu prontamente:
- Você acha que eu sou besta para comer esse feijão preto misturado com esse mato? - Eu vim aqui somente para comer carne e pronto. Coma você, suas folhas, feito um camaleão esfomeado.
Terminado o almoço cada convidado foi para sua casa e até hoje esse episódio ficou conhecido como o dia em que o "garoto Nadão só queria carne no seu prato, sem feijão preto junto com mato. Salada, nem pensar!”