Amor e fé nos movem e comovem.
Creio que realmente os semelhantes se atraem.
Quando éramos crianças a minha família morava em um bairro onde havia vários excepcionais, como um dos meus irmãos.
Cedo aprendi a lidar com eles, todos mais velhos que eu.
Fernando, nosso vizinho, portador de síndrome de down, não gostava de mim e sim da minha irmã a quem defendia. Implicava com minha mãe se a visse brigar com ela, mas a incentivava a me colocar de castigo: “Ela é muito danada, não é Maria? Bate nela, Maria, bate!”.
Mais tarde nos mudamos e conhecemos Célia, também com síndrome de down. Ela morava com os seus pais e uma irmã, na casa ao lado.
Célia foi ao encontro da Grande Luz em janeiro deste ano aos 54 anos. Era amorosa, falante e, bem humorada. Quando as moças se casavam ela dizia que elas tinham cheiro de comida e as chamava de taradas.
Sua irmã, um pouco mais velha, sempre a tratou com respeito e consideração.
Vejo com grande simpatia e emoção pessoas excepcionais trabalhando em supermercados e outros estabelecimentos.
O meu irmão trabalhou durante 20 anos no Projeto Terra da Prefeitura de Santos, que faz a manutenção de Praças adotadas por Empresas.
O trabalho foi importante pra sua socialização. Quando percebemos sinais de enfado, o “aposentamos”.
Aos 75 anos José se orgulha de morar sozinho, ter aposentadoria, liberdade, e até poder comprar o seu Viagra, e ainda visitar “aquelas mulheres”.
Ultimamente a sua conversa é: “Ando precisando falar com o Governador. Ele tem que mandar mulheres que têm AIDS para o Hospital e, colocar “naqueles” hotéis, mulheres novas, bonitas, com saúde e que não sejam ladronas”.
O Zezinho é mais esperto que muita gente, embora tenha idade mental de oito anos, e essa seja a sua única limitação.