NAUFRÁGIO SOCIAL
Podem me taxar de repetitivo, de velho chato e do que mais, mas uma força maior, um aperto no peito, um ameaço de sufoco e uma quase vertigem me impelem a, mais uma vez, erguer a voz, brandir a pena e gritar a plenos pulmões que a situação está atingindo limites insuportáveis.
Inexplicavelmente, quanto mais se flagra, se documenta com uma clareza incontestável a prática de atos criminosos contra tudo que deveria ser fervorosamente preservado, mais e mais casos semelhantes vêm à tona e com uma frequência espantosa!
Sabemos todos que não são acontecimentos novos; são vícios antigos e já bem conhecidos, mas o que espanta, agora, é a excitação de fauno ébrio que os acompanha. Parece que o pressentimento de que a nau possa ir à pique, está assanhando os ratos, fazendo com que eles, antes de abandonarem o navio, dêm mais uma mordidinha no queijo.
Discussões estéreis procuram responsabilizar, ora o corrupto, ora o corruptor, como se disso dependesse a solução do problema e, enquanto isso, o descalabro vai acontecendo em escala crescentemente assustadora.
Não pretendo entrar na discussão, mas acredito que, pelo menos na área pública, o elemento mais pernicioso seja o servidor corrupto, pois ele detém o poder de pressão; ele impõe dificuldades para, depois, vender facilidades. Longe de mim a idéia de achar que os empresários sejam anjos, como o Osvaldo do nosso amigo Seminale, mas a longa experiência que tive no setor me credencia a dizer que, na maioria das vezes eles são obrigados a corromper, para poder sobreviver. Uma vez corrompidos, está o caminho aberto e, dai em diante, eles vão corromper sempre e cada vez mais. Está fechado o círculo vicioso !
É tão velho como o mundo a prática do "arranjo" entre pretendentes ao fornecimento de tudo ao Governo; há nomes técnicos para isso –monopólio, oligopólio, cartel, truste etc etc
e será impossível evitar que tais fatos ocorram, pois não há mecanismos capazes de, comprovadamente, atestarem o conluio, a não ser, evidentemente, as gravações de audio e vídeo ou uma possível denúncia ou, mais raro, confissão.
A recente e explosiva reportagem do Fantástico, permitiu ao público que desconhecia os meandros da malandragem, entender como funciona a coisa. Mas há variantes e variantes e a imaginação das quadrilhas inova a cada dia, abrindo tortuosas vielas e becos pelos quais escapam à observação de possíveis e incorruptíveis fiscais, espécimes cada vez mais raros.
O que me alarmou mais na referida reportagem, foi a prova cabal da total institucionalização da corrupção; quando um corruptor fala em "ética de mercado", em 'taxa atualmente praticada" e chega a sugerir a forma da embalagem do butim "pode ser numa caixa de uisque ou de vinho", ou como a mulher que diz "não tem problema; pode ser dólar, euro ou até iene" e ainda ri quando sugere que o local da entrega pode ser na Floresta da Tijuca, acrescentando um "já viu que legal, hein". Aí, minha gente, não tem mais jeito, não.
A nau está fazendo água e o naufrágio é iminente!
Vou começar a torcer para que os Maias estejam cobertos de razão...
Podem me taxar de repetitivo, de velho chato e do que mais, mas uma força maior, um aperto no peito, um ameaço de sufoco e uma quase vertigem me impelem a, mais uma vez, erguer a voz, brandir a pena e gritar a plenos pulmões que a situação está atingindo limites insuportáveis.
Inexplicavelmente, quanto mais se flagra, se documenta com uma clareza incontestável a prática de atos criminosos contra tudo que deveria ser fervorosamente preservado, mais e mais casos semelhantes vêm à tona e com uma frequência espantosa!
Sabemos todos que não são acontecimentos novos; são vícios antigos e já bem conhecidos, mas o que espanta, agora, é a excitação de fauno ébrio que os acompanha. Parece que o pressentimento de que a nau possa ir à pique, está assanhando os ratos, fazendo com que eles, antes de abandonarem o navio, dêm mais uma mordidinha no queijo.
Discussões estéreis procuram responsabilizar, ora o corrupto, ora o corruptor, como se disso dependesse a solução do problema e, enquanto isso, o descalabro vai acontecendo em escala crescentemente assustadora.
Não pretendo entrar na discussão, mas acredito que, pelo menos na área pública, o elemento mais pernicioso seja o servidor corrupto, pois ele detém o poder de pressão; ele impõe dificuldades para, depois, vender facilidades. Longe de mim a idéia de achar que os empresários sejam anjos, como o Osvaldo do nosso amigo Seminale, mas a longa experiência que tive no setor me credencia a dizer que, na maioria das vezes eles são obrigados a corromper, para poder sobreviver. Uma vez corrompidos, está o caminho aberto e, dai em diante, eles vão corromper sempre e cada vez mais. Está fechado o círculo vicioso !
É tão velho como o mundo a prática do "arranjo" entre pretendentes ao fornecimento de tudo ao Governo; há nomes técnicos para isso –monopólio, oligopólio, cartel, truste etc etc
e será impossível evitar que tais fatos ocorram, pois não há mecanismos capazes de, comprovadamente, atestarem o conluio, a não ser, evidentemente, as gravações de audio e vídeo ou uma possível denúncia ou, mais raro, confissão.
A recente e explosiva reportagem do Fantástico, permitiu ao público que desconhecia os meandros da malandragem, entender como funciona a coisa. Mas há variantes e variantes e a imaginação das quadrilhas inova a cada dia, abrindo tortuosas vielas e becos pelos quais escapam à observação de possíveis e incorruptíveis fiscais, espécimes cada vez mais raros.
O que me alarmou mais na referida reportagem, foi a prova cabal da total institucionalização da corrupção; quando um corruptor fala em "ética de mercado", em 'taxa atualmente praticada" e chega a sugerir a forma da embalagem do butim "pode ser numa caixa de uisque ou de vinho", ou como a mulher que diz "não tem problema; pode ser dólar, euro ou até iene" e ainda ri quando sugere que o local da entrega pode ser na Floresta da Tijuca, acrescentando um "já viu que legal, hein". Aí, minha gente, não tem mais jeito, não.
A nau está fazendo água e o naufrágio é iminente!
Vou começar a torcer para que os Maias estejam cobertos de razão...