O amor têm prazo de validade?
Pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em dezembro de 2008 revelou que o número de divórcios no Brasil subiu 200% entre 1984 e 2007, segundo dados da pesquisa "Estatísticas do Registro Civil 2007". Em números absolutos, os divórcios concedidos passaram de 30.847, em 1984, para 179.342, em 2007.
Será que o amor tem prazo de validade? Acredito que não. Creio que este número crescente de desenlaces deve-se a uma série de fatores que variam, é claro, em suas peculiaridades, a velha história “cada caso é um caso”, além do tempo que tratou de mudar a antiga e tradicional conjuntura familiar.
Mas o fato é que antigamente os casamentos duravam mais, talvez as mulheres fossem mais submissas e o divórcio era considerado um ato “vergonhoso” para elas, veja bem, para a mulher! Os homens tinham uma espécie de amparo moral da sociedade, ele podia trair, ele podia maltratar sua esposa, ele podia tudo, afinal ele era homem!
Mas os tempos mudaram, as mulheres conquistaram seu espaço na sociedade, sua independência econômica e, isso talvez, tem sido um fator decisivo para elas não se submeterem mais aos desmandos de alguns maridões covardes e machistas de antigamente! Não que essa espécie despareceu por completo, ela ainda existe, não é raro encontrarmos homens que não respeitam e dignificam suas esposas. Mas este não é um discurso feminista, há também mulheres que não honram, nem tampouco respeitam seu matrimonio, em tudo há sempre os dois lados da moeda.
É interessante conversar com um casal lá da década de 50, 60 para ter uma noção de como funcionava a dinâmica dos relacionamentos. O rapaz se aproximava da guria, os encontros eram em tardes dançantes que começavam às três da tarde e terminavam antes que o sol se escondesse atrás do desejo insaciável de permanecer ao lado da amada (o). O rapaz deixava a moça na porta de casa, isso já sinalizava compromisso sério, se ele tivesse um cavalo e um terreno, melhor ainda.
O namoro era em casa, na casa da moça, no sofá, sob os olhos atentos da futura sogra. Mal se podia pegar nas mãos. Desse modo o casório era coisa rápida, os noivos tinham sede de solidão, da solidão a dois, onde os dois eram cúmplices dos primeiros desejos. Geralmente casavam-se jovens, tinham muitos filhos, e o amor e romantismo ia cedendo lugar a rotina e ao choro de criança.
A mulher largava-se aos afazeres da casa e os anos passavam. Nesta época falar em divórcio era proibido, um palavrão! As mulheres se contentavam com sua vida e achavam que tudo era assim mesmo.
Hoje não! Hoje as mulheres impõem sua opinião, não se sujeitam a nenhum tipo de humilhação e a separação tornou-se fácil e prática, e nem é mais motivo de vergonha. Contudo, nem um tempo foi totalmente negativo, muito menos esse tempo que vivemos hoje está sendo totalmente positivo para os relacionamentos, afinal os números mencionados anteriormente assustam.
Se antigamente as mulheres toleravam tudo, hoje elas estão pedindo o divórcio na primeira briga, observa-se um nível elevado de imaturidade entre os casais. Uma falta de diálogo e uma acentuada dificuldade de enfrentar problemas e crises conjugais.
Hoje é tudo ou nada. Quem sofre as consequências dessa desestabilização familiar são os filhos, que acabam entrando involuntariamente nos próximos relacionamentos de seus pais.
A estrutura familiar mudou drasticamente, isso também é um forte fator que desestrutura os chamados "segundo casamento". Cada um vem com sua bagagem (filhos), o que acaba, na grande maioria das vezes, gerando conflitos e novas separações.
O assunto é complicado, dá pano pra manga, mas o amor, o verdadeiro amor não cabe em nenhuma das situações acima, ele sobrevive às intempéries da vida. Ele não se encaixa em estatísticas, ele simplesmente vence todos os obstáculos e provações que surgem no caminho. Por isso, cuide bem do seu amor, pois se ele for verdadeiro, não há tempo que o faça perder a validade!
(Cassiane Schmidt)