COMO EU GOSTARIA!

Eu poderia, nos momentos de outrora, ter anotado todos os meus sonhos e ilusões em infinitas folhas de cadernos, em milhares de páginas do computador, mas estou certo de que inumeráveis delas ainda não seriam suficientes, tamanhos são meus devaneios. Vastos são os meus sonhos! Em uníssono com essa premissa, caso eu registrasse todos os abraços que dei e recebi ao longo dos meus dias, penso que não seriam tantos quantos eu gostaria de sempre ter dado. Eu bem quisera ter tido mais e mais amplexos diários, sempre! Esses carinhos são tão imprescindíveis e fazem tanto bem - como fazem! - que se vierem em quantidade recorde, mesmo assim serão poucos, quanto mais deles temos mais queremos. Se durante toda a minha existência eu fosse anotando as tantas tristezas que senti, talvez não coubessem num livro de mil páginas.

Se eu tivesse contado todos os meus sorrisos esboçados nos incontáveis dias de minha vida, se os tivesse registrado em filme ou em foto decerto teria perdido a conta. Foram diversos, e tão significativos! Todo sorriso transmite um vasto universo de possibilidades e incertezas que vale a pena descobrir, embora a maioria nem perceba isso. Se tivesse guardado as muitas lágrimas que derramei ao longo da vida, certamente teria formado um grande lago melancólico ao redor de minhas emoções. Elas representaram instantes marcantes, tristes na sua maioria, alguns bem alegres como sói acontecer entre nós humanos, porém provocativos desses jorros súbitos que molhavam minhas faces sobremaneira.

Se eu tivesse amado mais com convém aos de coração aberto, se esse sentimento deveras belo tivesse trabalhado mais em mim, convencendo-me a viajar por seu intermédio pelas trilhas da felicidade, certamente eu teria mais estórias de amor para relatar, mais beijos e afagos para descrever, mais romances para escrever. Tampouco fui amado a ponto de entrar em êxtase, de escrever frases tolas em troncos de árvores, de permanecer surtado olhando na direção do nada pensando nela. Se amado tanto tivesse eu sido nesses anos todos eu viveria esbanjando sorrisos ao mundo, pintaria o sete de todas as maneiras e estaria narrando tópicos da fascinação.

Como eu gostaria de ter dito vezes por vezes "pai, eu te amo","mãe, eu te amo", desejo que diversas vezes sufoquei, nem sei por que, sim, como gostaria de ter dito, eu os teria admirado mais com palavras, gestos, atitudes e emoções. Mas essas ações sentimentais vamos deixando para depois cotidianamente e terminamos por esquecê-las. Até ser tarde demais para pronunciá-las. Vem o arrependimento quando o tempo já se encarregou de empoeirar as pessoas queridas.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/03/2012
Código do texto: T3581706
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