Desabafos

Ontem à noite, eu encontrei um livro antigo da minha família, na verdade parecia mais um álbum de fotografias com algumas anotações. Folheei página por página. Encontrei uma foto que me chamou a atenção. Nela encontravam-se algumas pessoas das quais não me recordei imediatamente, precisei de alguns minutos para lembrar a fisionomia de cada uma delas e, talvez, conseguir associar cada figura aos seus respectivos nomes - o que seria, evidentemente, mais complicado. De repente, algumas lembranças emergiram e, com isso, eu fui capaz de identificar aquelas pessoas. Elas costumavam ser minhas “amigas”.

Coloquei-me a pensar: Como as coisas mudaram tanto? Como eu mudei tanto? Seria possível resgatar tudo aquilo que foi deixado para trás? Eu deveria tentar reviver o passado? Não. –Sussurrei- definitivamente, não! Tudo o que acontece conosco tem um motivo, tem uma razão para ser. Chega a ser hilário começar uma briga com o próprio destino. Mas, pensando bem, a vida seria bem melhor se tudo fosse diferente.

Fechei o livro e caminhei em direção ao meu quarto. Chegando lá, deitei em minha cama e continuei refletindo sobre essa droga que chamam de vida. Lembrei-me da época em que eu me importava com tudo o que as pessoas diziam ao meu respeito, com os julgamentos hipócritas da sociedade e, até mesmo, quando eu perdia minutos valiosos da minha vida explicando alguma situação desconfortável ou desmentindo alguma calúnia absurda inventada por pura discórdia. Hoje eu sei que tudo isso não importa, que as opiniões dos outros são apenas opiniões, que a única pessoa que conhece a verdade sou eu mesmo, porque ela está dentro de mim. E que ninguém tem o direito de me julgar, ou melhor, ninguém tem o direito de julgar qualquer outra pessoa, porque ninguém conhece a nossa realidade, não sabe o que nós enfrentamos, não vê as nossas dificuldades, não convive com os nossos problemas e, acima de tudo, não tem conhecimento das causas que nos levaram a ser como nós somos.

Às vezes me pergunto se a morte não é a melhor solução, mas sempre chego à mesma conclusão: Não, a morte não é uma solução, ela é uma fuga, e fugas são para os fracos. Nós devemos enfrentar os problemas, derrubar os obstáculos e crescer com isso tudo, até porque a adaptação é uma dádiva e a evolução, uma virtude.

Sempre que me sinto assim, meio “para baixo”, tento me convencer de que as coisas vão melhorar e que algo divertido vai acontecer nessa minha vida sem graça, mesmo que demore um pouco.

Peguei meu edredom e cobri meu corpo. Virei para o lado e falei em meio a murmúrios: "Você está indo muito bem. Continue assim. Não desista." –Depois disso, não me lembro de nada mais. Havia pegado no sono.

Lianderson Ferreira
Enviado por Lianderson Ferreira em 27/03/2012
Reeditado em 08/01/2014
Código do texto: T3579202
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