Hoje ao acordar estavas povoando meus primeiros pensamentos matinais.
Sinto-me em débito contigo. Principalmente porque, de forma egoísta, ontem noite dormi sem conversar contigo.
      Estava envolvido por meus pensamentos e problemas do cotidiano, o que não justifica. Sempre que me sinto acuado, preocupado, cheio de problemas e até no interesse pessoal te procuro. E, nem pergunto se estás ocupado. É bem verdade que às vezes até converso contigo para agradecer algum conselho ou orientação que recebo intuitivamente. Mas, invariavelmente peço e nem analiso se tenho este direito. Na verdade deveria mais agradecer do que pedir.
     Nutro por ti uma consideração imensurável e um respeito imponderável. Mesmo assim, raramente te envio uma mensagem, em pensamento, para dizer isto. Parece um paradoxo.

     É como se fosse um iniciado sempre a espera por beber dos conhecimentos de seu Mestre. Um neófito que tem muito pouco a oferecer e muita ânsia por aprender.
     Hoje, deixo esta passividade e invado teu espaço como aquela pedra atirada nas cálidas águas de uma lagoa. Por instante, quebrando o espelho d'agua e provocando ondas circulares que se expandem e se exaurem em segundos. Apenas para interagir.
     Por vezes, mergulho no meu inconsciente e fico maturando algumas de tuas sábias palavras, frases, ensinamentos e exemplos vivificados. Atitude e ações que tomaste atravessaram os tempos e todas as fronteiras.
     Tento retirar delas os ensinamentos. Mas, como é difícil colocá-las sempre em prática. Mas, quando alcanço algum entendimento, serve de diretriz para me reposicionar na matriz da vida que é composta de vitórias e derrotas, de construção e desconstrução, de erros e certos, de ações e correspondentes reações.
     Com certeza, amigo, ajudam a decifrar algumas complexas incógnitas das equações dos relacionamentos interpessoais para me lapidar. Como se fosse praticando uma reforma íntima para me sentir mais humanizado. 
     Certa vez aconselhaste: respeitar o próximo como a si mesmo. Creio amigo, que isto significa olhar para a outra pessoa em razão da dignidade que lhe é intrínseca. Aceitando-o na sua plenitude como queremos que assim nos aceite. E, vice-versa.
     Todavia, também acredito que esta prática deve ser ininterrupta. Mas, como é difícil incorporá-la meu amigo. Trata-se de um princípio de vida. Uma salutar ética de convivência quando se pensa na felicidade pessoal de outro e conseqüentemente coletiva.
     Com certeza não se trata daquela “ética do mercado”, há dias veiculado na imprensa, por pessoas que não se respeitam a si mesmo, nem o outro e muito menos a coletividade.
     Certamente que esta antiética não pode ser ininterrupta e nem serve de princípio a qualquer atividade pública ou privada e menos ainda pessoal.
     Sabe amigo, fui dormir e me esqueci de conversar contigo. Talvez estivesse um tanto quanto assustado quando percebo que nesta Sociedade, em geral, os valores éticos morais são vilipendiados ininterruptamente.
Será que há necessidade de humanizar ininterruptamente homens e organizações?
     Pensando agora contigo, nesta conversa intima e silenciosa, percebo que as organizações nascem para a promoção humana sob todos os aspectos: sócio, econômico, científico e técnico, visando sempre o bem da coletividade. Só que muitos desconsideram os valores humanos e éticos. Ou melhor, abandonaram teu código de ética que nos legaste há mais de dois mil anos.
     Até mais Irmão. 

(*) Imagem Google
 
Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 27/03/2012
Reeditado em 02/12/2015
Código do texto: T3578956
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