ALUNO CANHOTO
ALUNO CANHOTO
Passados mais de 60 anos, ainda lembro com perfeição meus primeiros anos de curso primário. Já escrevi aqui no Recanto sobre essa experiência, mas desta vez vou falar do aluno canhoto. Sou um canhoto de pé e mão, porque assim quis a mão do Senhor, não sei qual delas, mas isso não importa. Logo nos primeiros dias de aula, a professora quis obrigar-me a escrever com a mão direita, pois naqueles tempos era errado escrever com a esquerda. Houve então a intervenção enérgica de minha mãe, para que deixassem seu filho escrever com sua mão natural, confesso que até hoje a direita é meio artificial. Mas esse não foi o único problema, seguiram-se o escrever com pena e tinta, usar caderno espiral e exercer contorcionismo nas carteiras feitas para destros. Escrever com pena que era molhada no tinteiro da carteira era um supremo esforço para não borrar a folha e a mão, quantas vezes tive que refazer as lições. Quando lançaram os cadernos espirais aí então foi o ápice do sofrimento. E as carteiras então, corpo torto, mão torta, bunda a meia carteira, tentando equilibrar-me no caderno e no assento. Ao final acabei conseguindo vencer esses obstáculos, mas sempre ficaram guardados em minha mente. Fiquei extremamente feliz quando inventaram a caneta esferográfica e também quando chegaram as primeiras carteiras para canhotos. Ah! Ia esquecendo que tinha um professor, que dizia que ia me dar falta quando fizesse a chamada e eu levantasse o braço esquerdo, pode? Podia. Meus dois filhos canhotos puderam ser tranquilamente canhotos. UFA!!!