A RAZÃO PERDIDA.
Ao amigo, sobre o maravilhoso diagnóstico enviado, releva ressaltar, o epicentro da problemática social reiterada pelo expositor; “O que torna mais pesada a angústia de nosso tempo é a magnitude dos problemas sociais”.
Evidente ser o núcleo o egoísmo que não será contornado. O iluminismo deu passos largos na conquista dos direitos que conhecemos em favor da liberdade, mas restrições outras permanecem cerceando a própria liberdade.
O rastreamento histórico trazido, em suma de enorme propriedade, deixa mais claro ainda a carência dos humanos imposta pelos próprios humanos. Uma tribo igual como pessoa e desigual em direitos universais, naturais.
“A vida não é projeto dos deuses, nem condenação cósmica. A vida é feita pelos homens, e só por eles, e a história, com seus acertos e desatinos, não é bruxa, nem fada”, e isto é solar, claríssimo. A condição humana impõe essas traves.
A opção pela liberdade de escolha continua a desenhar o bem e o mal, por onde caminhamos, sem muitas evidências da bondade estabilizada, como um todo, mais assentada, sem a virtualidade flagrante, sempre menos protagonizada, tomando conta de todos os espaços de promessas.
Será que alcançaremos um destino de luz? Creio que não quando percebo como o articulista que : “A fome e as endemias convivem com a ostentação e o luxo dos muito ricos. Embora em certas regiões do mundo a miséria seja estatisticamente maior, não há cidade imune da qual o sofrimento insuportável tenha sido expulso.”
Não estou em que houve “razão perdida”, mas desrazão pela opção humana de escolha, inclinada pelo interesse pessoal mais do que voltada para o benefício de todos. A “razão perdida” incapacita a escolha pela perda de razão, sempre absoluta. Quero estar errado em minhas posições, mas penso que a história vem se repetindo com maior ou menor intensidade e alguns pouquíssimos avanços em prol do que se entende por melhor, ao menos a erradicação da fome e do escravismo em suas várias modalidades, onde não se insere só a restrição de liberdade, antes e mais, a restrição da vontade legítima e digna, como a de trabalhar e se educar.
Creio nunca ter faltado, como assim permanece, o sonho remoto e improvável da volta à Idade do Ouro, que se sustenta firme na alma dos homens, com fundamento mais forte nas fronteiras do paraíso bíblico.
Abr. Celso