O olhar em plena mutação. Mudam os olhos, se ganha o olhar. Apura-se. Antes ansioso, agora seletivo. Aprende com o tempo, com o passar, entende o que vê, a ver o que se quer entender. A selecionar o olhar. A selecionar o querer. A apreender na retina o bem visto. Mesmo que não alcance tão longe, olhos com mais sabedoria. Na juventude, olhar rápido, disperso, inconsequente. Olhar e não ver. Na maturidade, calmo, curto, precioso. Alguma coisa que vimos no passado, se voltamos a ver agora, certamente será diferente, será por outro ângulo, outro olhar, bem mais apurado. Com o tempo os olhos de afinam, se findam, se perdem no horizonte.
     Viram olhar molhado, afogado no mar. Um olhar além do olhar perde-se, vê miragem além da paisagem. Um olhar transformador, sinal das mutações da vida, nunca de finitude.