Pareço não ter o que dizer...

Às vezes me pego falando como uma senhora, casada há mais de vinte anos, que precisa se distrair com investimentos. É sério! Tento não fazer piada com tudo, mas fica tão mais fácil sorrir pensando em minha angústia atual.

Tenho me sentido envelhecida, com um pouco de medo, de insegurança, até um pouco envergonhada já que era pra eu estar super feliz. Não sei o que há de fato. Não sei mesmo!

Me perguntei, em silêncio, como tudo isso começou, quando foi e tal. E, quando percebo, me perco pensando em outras coisas que não tem nada a ver com o questionamento inicial. Fico olhando pra frente, sem piscar e só percebo que estou assim por causa da irritação nos olhos após algum tempo.

Acho que não penso em nada. Não, eu não penso mesmo em nada. Só fico parada. Talvez eu faça breves viagens por outras dimensões. Talvez eu até tenha uma outra família por aí, pelo espaço afora. Ai, ai. Nem sei!

Reúno minhas loucuras diárias, desmembro em várias frases ou pensamentos, transformo em versos ou em palavras desconexas e tenho a cara de pau de publicar.

Já acredito que, na verdade, se eu não escrever, mesmo que de forma louca e disparada, eu enlouqueço.

Bom, eu comecei falando de que mesmo? Ah, sim. De como me sinto velha. Um pouco inchada, talvez. Percebi que não dá mais pra fazer o truque de partir meu cabelo de forma desordenada pra esconder meus cabelos brancos. (Eles estão por toda parte! Isso está ficando constrangedor, não que eu me importe realmente com eles, mas poxa, as pessoas comentam.)

Por um segundo, só um segundinho, eu queria fechar meus olhos - ao invés de ficar com eles em alerta - e queria poder não pensar em nada. Ou pelo menos dar conta da minha angústia. Porque é diferente estar angustiado e estar triste.

Quando se está triste acredito que seja possível respirar fundo e levar as coisas de maneira razoável, pois se pode saber o real motivo de tal tristeza. Mas a angústia. Bom, a angústia parece não ter um objeto, é só uma sensação. Como uma agulha pinicando intensa e grossa na veia, quando você acha que acabou ela te suga mais alguns mililitros de pura energia. E te esquenta a alma, não como uma emoção daquelas que enchem nossos olhos, mas como um ferrão imenso que nos afunda em tudo.