Primavera em Washington,DC e... no coração!

“Jamais o Jefferson Memorial poderia apresentar-se mais belo do que quando engalanado com as cerejeiras em flor…. A Felicidade é rosa, como de rosa devem ser tingidos a vida, os sonhos, a felicidade e o amor…”

As cerejeiras estão a florir ao longo do Potomac.

Seus galhos , cobertos de entreabertos botões rosados, curvam-se sobre o Rio como a beijar a água.

Caminhava lentamente pelas aléias, a desfrutar a magia da beleza que se lhe descortinava aos olhos; estes viam, olhavam, faziam-na lembrar os sonhos todos do passado, quando lá esteve como bolsista.

A alma, relicário que com carinho, tudo guarda, fê-la sentir-se adolescente uma vez mais.

Quantos projetos alinhados, esforços, tempo, estudos intensos… A vida lhe apresentara, em seu transcorrer , possibilidades para as quais estava continuamente a preparar-se. Quando acabava um curso, seu pai sempre lhe dizia: “Saber não ocupa lugar. Escolhe o que agora queres mais estudar, minha filha” … Assim o fazia: música, línguas, direito, filosofia, didática, diplomacia … No entanto ao ver que nesta reina a hipocrisia, desistiu – o que não era seu hábito (‘desistir’ de algo que começara – mas, tampouco lhe agradava a idéia de ter que faltar com a verdade por causa da política); era franca, objetiva e transparente em seus pensares e agires. Melhor mesmo deixar de lado ser diplomata. Assim o fizera e jamais se arrependera.

Essa viagem ao passado foi rápida como um relâmpago. Retornou ao presente alimentada pela saudade e movida pela esperança que jamais a deixara … Desde sempre tinha o hábito de ter pensamentos positivos.

Deliciou-se ao voltar a admirar as fractais formas das cerejeiras, seus galhos, suas flores… Suave brisa acariciou-lhe a face. Soltou os longos cabelos … Sentiu a primavera chegar também em seu coração.

Na adolescência, na maturidade – em qualquer idade – há que cultivarmos com carinho as sementes que ainda podemos – e devemos – fazer brotar mesmo no outono da vida.

A felicidade está à nossa espera. Devemos abrir-lhe as portas, as janelas, deixar o Sol entrar… Tenhamos sempre em mente: a primavera apresenta ano após ano, suas maravilhosas cores para alegrar os olhos e enlevar a alma dos que têm sensibilidade para apreciar o Belo e conectar-se com a realidade sorrindo.

Mirna Cavalcanti de Albuquerque Rio de Janeiro, 25 de Março de 2012