TUMULTO NO CASÓRIO

E a vida andava calmamente lá pelas bandas onde eu morava, eu estava estudando muito para formar-me Técnico em Eletrônica, fazia Inglês, capoeira e ainda sobrava tempo para namorar com uma linda garota chamada Ivete.

Cheguei à casa da minha tia Nina, onde eu morava e lá estava um lindo convite de casamento da minha irmã Suely colocado sobre minha prancheta de desenho.

Abri o convite vagarosamente, comecei a ler e decidi que iria aquele casamento acompanhado da minha namorada e imediatamente fui até a casa da senhorita Ivete convidá-la para o casamento e ela disse que iríamos sim.

No dia do casamento coloquei a minha melhor roupa e minha namorada colocou um lindo vestido azul e lá saímos para pegar ônibus para São Paulo, pois morávamos em Jacareí e o casamento iria acontecer à tarde.

Não fomos a Igreja e quando chegamos a festa já tinha começado, descemos as escadas de mãos dadas e repentinamente apareceu um rapaz que pegou minha mão e solicitou para que fossemos escutar um barulho de tamborim que vinha de longe, imediatamente safei-me do rapaz e disse:

- Amigo, vim de longe participar do casamento da minha irmã e estou acompanhado deste monumento que é minha namorada, você acha que vou perder meu tempo acompanhando sua insignificante pessoa! Falei em tom de brincadeira, zombando e acreditando que aquele rapaz fosse de boa índole.

Saí de mãos dadas com minha namorada para cumprimentar todos que estavam na festa. Meu grande erro foi não perceber que o rapaz estava embriagado e estava passando por problemas pessoais, mas não havia como adivinhar a não ser pela sua expressão de sofrimento.

Após os comprimentos, sentamos num degrau da escada da casa da minha mãe e ficamos observando o pessoal trazer um enorme bolo, refrigerantes, salgadinhos e quando me levantei para ver o bolo mais de perto, surgiu aquele rapaz com um punhal enorme dizendo que iria me matar de qualquer jeito e que eu nunca mais iria zombar de mais ninguém.

Eu estava de um lado da mesa e o rapaz do outro lado e quando a ameaça surgiu imediatamente não pensei em nada, simplesmente virei a mesa em cima do rapaz e todos ficaram apavorados e queriam saber o que estava acontecendo e foi aí que um primo chamado Edson foi pra cima do rapaz e começou a socá-lo com toda sua força e minha irmã Sônia e minha namorada Ivete colocaram-me pra dentro da casa da minha irmã Sônia e trancaram a porta e diziam:

- Se você sair o rapaz te mata! Fica quietinho e deixa rolar a confusão!

Era grito pra tudo quanto era lado, barulho de cadeiras, mesa, talheres, pratos, copos voando e espatifando no chão e eu ali andando de um lado para outro e louco pra sair pra socar o infeliz ou talvez ser socado e minha irmã e minha namorada pedindo calma, calma.

Sinceramente foram uns dos momentos mais infeliz de toda minha vida, escutando o pessoal quebrando tudo e não poder sair, afinal trancaram a porta, esconderam a chave e ficaram na janela impedindo minha saída. Era uma agonia total, um estado de impotência, medo e rancor no meu coração. O pessoal brigando por minha causa e eu ali impotente, covarde, humilhado, trancado e inesperadamente pedi para minha irmã abrir a porta, pois ia conversar com o rapaz e ela disse:

- Meu querido irmão, se eu abrir esta porta você irá conversar com o rapaz no inferno! Você não entende? E abriu a porta e quando sai pra ver o que estava acontecendo observei uma cena aniquiladora para minha alma: Minha mãe tinha dado uma “gravata” no pescoço do rapaz e dizia com todas as forças do coração:

-É meu filho, aqui é família, você não vem estragar a festa de casamento da minha filha senão eu te mato agora FDP!

Tentei acalmar mamãe e ela dizia: Sai pra lá que eu resolvo isto!

Soltou o rapaz e pediu que ele se retirasse da festa e lá foi o rapaz saindo vagarosamente, com vários hematomas e dizendo que voltava pra dar fim na minha vida.

A festa continuou sobre um clima de total tensão e um tio chamado Evaristo ficou no portão para barrar o rapaz que voltaria de qualquer jeito, afinal era amigo dele e passados algumas horas o tal do rapaz não voltou e ficou uma grande lição: Jamais zombe de ninguém, principalmente de pessoas que não conhecemos, pois podemos acabar com a festa e ir parar no Céu ou talvez para o Inferno! Ainda bem que esta lição aconteceu quando eu tinha apenas dezoito anos e depois disto nunca mais zombei de ninguém! O mais difícil era aguentar minha namorada Ivete na volta pra casa que me olhava com um olhar de desconfiança e dizia: Que belo casamento! Adorei, vai ficar pra história! E ficou em: MINHAS HISTÓRIAS

LUCASI
Enviado por LUCASI em 25/03/2012
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