“O Encontro na beira do riacho.”
As coisas andavam mal paradas, tudo dava errado.
Eu era cobrado por ações que não poderia tomar.
Assumir compromisso que não iria cumprir, daí veio o ultimato.
Pedro, se você não quer assumir um compromisso sério, então vou procurar quem possa.
Talvez não houvesse a intenção, talvez fosse só um desabafo, mas feriu fundo.
Então a única resposta que me veio.
Por favor, não se preocupe comigo cuide de sua vida.
Não era o que ela queria ouvir, não era o que eu queria dizer, mas disse.
E ela foi embora.
A única culpa dela: querer viver.
A única culpa minha: não querer expô-la a risco.
Como sempre tem um oportunista.
João Paulo apareceu, com situação financeira quase estável com casa própria, até um carro na garagem.
O noivado foi rápido parece até que haviam feito algo errado.
A família dela estava super feliz.
Havia deixado um pé rapado e pegado um bom partido,... aí sim.
Meu coração machucado não viu mais horizonte naquele local.
Nesta época, estava fazendo uma enorme cidade no planalto central, precisavam de muita mão de obra.
Como não tinha nada mais a perder me aventurei.
Virei candango.
Como tinha certa cultura, pouca, mas maior que os colegas, consegui galgar alguns postos.
Por insistência da chefia comecei a estudar.
Os anos passaram céleres e dentro de pouco tempo eu era um novo engenheiro.
Fazia parte da estrutura de construção da nova capital do país.
O dinheiro corria frouxo e consegui fazer meu pé de meia rapidamente.
As autoridades que chegavam á capital queriam construir suas casas.
Eu era o construtor de casas chiques.
Uma simpática colega de trabalho, desiludida também, contou suas mágoas.
No nosso dia a dia, nos tornamos íntimos e aí surgiu um namorico.
Este namorico devido a falar francamente sobre nossas desventuras nos uniu.
De repente, estávamos nos amando.
Nosso projeto era o casamento.
Construi uma pequena mansão em bairro nobre da capital.
Precisei de documentos e fui obrigado a me dirigir a minha terra natal.
Ao chegar à cidade, antes de entrar no perímetro urbano tinha um pequeno riacho.
Parei para matar saudades e vi uma senhora com bonitas crianças que brincavam na água.
Como na praxe de interior cumprimentei e vi certa semelhança com minha antiga paixão.
Ela também me reconheceu e após me apresentar seus filhos vieram às perguntas.
Apresentei minha noiva e disse que quase aquelas crianças seriam minhas.
Sorri desejando felicidades a ela e falei breve terei as minhas.
Continuamos a viagem e vi que de longe ela me olhava.
Foi à última vez que a vi, mas naquela hora me bateu uma dor enorme no coração.
Minha noiva percebeu e perguntou ainda gosta dela?
Não, mas gostei muito.
Foi muito bom este encontro na beira do riacho.
Fez-me sentir como você é importante para mim.
Mas lá no fundo, meu coração ficou apertado, diacho eu ainda não havia esquecido.
Mas a vida continua...
Oripê Machado.