CRÔNICA – O chamamento de Chico Anysio
CRÔNICA – O chamamento de Chico Anysio – 23.03.2012
Estávamos na casa do Nobre, eu e minha mulher, depois do almoço, quando a TV noticiava a morte de Chico Anysio, grande humorista da Rede Globo de Televisão, considerado o maior de todos os tempos. Impossível evitar que ele ouvisse, até porque fora ele quem primeiro deu por conta da manchete...
Fiquei meio sem jeito, mas arrisquei uma pergunta: Nobre, o que você acha desse infausto acontecimento? – Sabe, Pirilampo, nesta hora a emoção me domina, nem sei o que dizer a respeito, até mesmo porque tudo o que se disser será muito pouco para retratar o que representou esse fabuloso ser humano para as artes, em várias modalidades. Humorista primoroso, escritor, compositor, cantor, produtor, comentarista esportivo, radialista, artista plástico com telas maravilhosas, e além de tudo um excelente companheiro de seus colegas e amigos, dando oportunidade a inúmeros artistas do humor já quase em final de carreira, de sorte a garantir-lhe renda suficiente para a mantença de suas famílias. Deus o levou aos oitenta anos, creio que para evitar maiores sofrimentos, porquanto internado estava faz alguns meses em hospital do Rio de Janeiro; ou talvez para alegrar as coisas lá por cima, pois a vida está duríssima até para os espíritos do bem, que insistem em ser honestos, mas os da terra não querem deixar.
-- Quem não se lembra da “Escolinha do Professor Raimundo” e dos inúmeros personagens que ele criou, não é verdade, Nobre? – Claro, e está aí uma prova do que ele era capaz; aliás, a escolinha fora copiada por outros artistas para diversas emissoras de televisão, também dando chances a humoristas novos e aos da velha guarda; mas eu tenho em mim que esse inusitado artista também adoeceu por desgosto, porquanto mesmo vinculado por contrato à emissora Globo os seus programas praticamente saíram do ar, causando-lhe traumas, pois era tudo o que adorava fazer; ficaram reprisando antigas edições no sistema SKY, mais propriamente no canal 37, porém isso não era suficiente para que se resgatasse o grande débito que ficaram a lhe dever por todo o seu desempenho na cultura nacional.
-- Sabe que ele era de Maranguape, no Ceará? – Claro que sim, aliás, esse lindo Estado da Federação é pródigo na revelação de humoristas, assim como o é todo o nordeste brasileiro; o Tom Cavalcanti, por exemplo, saiu de lá e teve bela, mas curta passagem juntamente com o Chico Anysio na mesma emissora Globo, todavia ninguém ainda soube explicar os motivos de sua saída, talvez enamorado por uma carreira solo em outro prefixo; lógico que aqui não vou ficar lembrando nomes que fizeram e fazem o humor no país, até porque não seria de boa ética; apenas dizer que Pernambuco também participou da vida dele, através de vários artistas; ele contribuiu para a dignidade do povo nordestino; pra melhor dizer, o humorismo brasileiro está muito enfermo, assim como um doente terminal nesses últimos tempos.
-- Dos personagens dele quais os que você mais gostava? – Praticamente de todos, mas o Pantaleão (é mentira Terta?), o Paiinho e Cunhã, o professor Raimundo, Alberto Roberto, Justo Veríssimo, Popó e tantos outros; eu morria de rir quando ele contracenava com o Lúcio Mauro na escolinha; Chico era um grande profissional da crítica, a tudo ele levava na galhofa, e todos riam a valer; na realidade foram mais de 150 tipos por ele criados; para este seu criado, creio que poderemos dizer sem medo de errar: Chico Anysio cumpriu a contento sua missão.
-- Bem, eu senti a voz do Nobre um pouco embargada quando ele se referiu a seus problemas coronários: “Eu só estou esperando que Deus mande me chamar, se achar que eu mereço tanto, pois não tenho mais aquela alegria de viver, em face desses incômodos que me atormentam”. – Vamos mudar de assunto, falei, justamente ao tempo em que o noticiário saiu do ar.
Senti-me um tanto culpado por alimentar esse assunto. Fico por aqui, meu abraço. Que Deus nos ilumine e proteja.
Em revisão.Fiquei meio sem jeito, mas arrisquei uma pergunta: Nobre, o que você acha desse infausto acontecimento? – Sabe, Pirilampo, nesta hora a emoção me domina, nem sei o que dizer a respeito, até mesmo porque tudo o que se disser será muito pouco para retratar o que representou esse fabuloso ser humano para as artes, em várias modalidades. Humorista primoroso, escritor, compositor, cantor, produtor, comentarista esportivo, radialista, artista plástico com telas maravilhosas, e além de tudo um excelente companheiro de seus colegas e amigos, dando oportunidade a inúmeros artistas do humor já quase em final de carreira, de sorte a garantir-lhe renda suficiente para a mantença de suas famílias. Deus o levou aos oitenta anos, creio que para evitar maiores sofrimentos, porquanto internado estava faz alguns meses em hospital do Rio de Janeiro; ou talvez para alegrar as coisas lá por cima, pois a vida está duríssima até para os espíritos do bem, que insistem em ser honestos, mas os da terra não querem deixar.
-- Quem não se lembra da “Escolinha do Professor Raimundo” e dos inúmeros personagens que ele criou, não é verdade, Nobre? – Claro, e está aí uma prova do que ele era capaz; aliás, a escolinha fora copiada por outros artistas para diversas emissoras de televisão, também dando chances a humoristas novos e aos da velha guarda; mas eu tenho em mim que esse inusitado artista também adoeceu por desgosto, porquanto mesmo vinculado por contrato à emissora Globo os seus programas praticamente saíram do ar, causando-lhe traumas, pois era tudo o que adorava fazer; ficaram reprisando antigas edições no sistema SKY, mais propriamente no canal 37, porém isso não era suficiente para que se resgatasse o grande débito que ficaram a lhe dever por todo o seu desempenho na cultura nacional.
-- Sabe que ele era de Maranguape, no Ceará? – Claro que sim, aliás, esse lindo Estado da Federação é pródigo na revelação de humoristas, assim como o é todo o nordeste brasileiro; o Tom Cavalcanti, por exemplo, saiu de lá e teve bela, mas curta passagem juntamente com o Chico Anysio na mesma emissora Globo, todavia ninguém ainda soube explicar os motivos de sua saída, talvez enamorado por uma carreira solo em outro prefixo; lógico que aqui não vou ficar lembrando nomes que fizeram e fazem o humor no país, até porque não seria de boa ética; apenas dizer que Pernambuco também participou da vida dele, através de vários artistas; ele contribuiu para a dignidade do povo nordestino; pra melhor dizer, o humorismo brasileiro está muito enfermo, assim como um doente terminal nesses últimos tempos.
-- Dos personagens dele quais os que você mais gostava? – Praticamente de todos, mas o Pantaleão (é mentira Terta?), o Paiinho e Cunhã, o professor Raimundo, Alberto Roberto, Justo Veríssimo, Popó e tantos outros; eu morria de rir quando ele contracenava com o Lúcio Mauro na escolinha; Chico era um grande profissional da crítica, a tudo ele levava na galhofa, e todos riam a valer; na realidade foram mais de 150 tipos por ele criados; para este seu criado, creio que poderemos dizer sem medo de errar: Chico Anysio cumpriu a contento sua missão.
-- Bem, eu senti a voz do Nobre um pouco embargada quando ele se referiu a seus problemas coronários: “Eu só estou esperando que Deus mande me chamar, se achar que eu mereço tanto, pois não tenho mais aquela alegria de viver, em face desses incômodos que me atormentam”. – Vamos mudar de assunto, falei, justamente ao tempo em que o noticiário saiu do ar.
Senti-me um tanto culpado por alimentar esse assunto. Fico por aqui, meu abraço. Que Deus nos ilumine e proteja.
Ansilgus