Implicâncias
Alguém aí sabe por que as aspas têm, as do início, as perninhas viradas pra cima e, as finais, pra baixo? Alguém sabe me dizer por que no marcador de página não vem o marcador de linha onde interrompemos a leitura? Alguém sabe por que no controle remoto da TV e aparelhos de som, fabricados no Brasil, estão lá mute, Power, scan, skew, open, close, tuner, surround, sleep, exit, e que a gente, ignorante, aperta todos pra ver no que dá, ainda correndo o risco de se indispor com a mulher por falar nome feio digital? E no painel do carro, então!? Tem tanta flechinha que mais parece apache em pé de guerra, acompanhadas das advertências: mode e trip; no visor do combustível, as letras F e E, que traduzo por “fervendo” e “esfriando”, mesmo estranhando a fervura da gasolina. Estrepei-me todo. Na temperatura H de hot, quente, termo que conhecia desde o Colégio de Santo Agostinho e C, que só pode ser de cachorro. Isto é, meu carro novo (não posso dizer que seja dos mais simples) oferece cachorro-quente, tem bar, acessório que só descobri na viagem que fizemos a Liberdade (depois de Caxambú, antes de Juiz de Fora). Agora, me esclarece. Se o carro é fabricado aqui em Goiás, porque o esclarecimento na língua arrevezada da rainha?
Não que eu seja implicante...
Me ajuda: qual a intenção do jogador de futebol que arranca a camisa depois de fazer o gol, mesmo sabendo que será punido com o cartão amarelo? Aparecer? Mostrar os músculos? Refrescar-se? Exibir a tatuagem? Me ajuda. Explica, vá: se é dia sai do vestiário com óculos escuros encima da cabeça: se a noite, sobre o nariz. Explica?
Microfone de televisão é alérgico? Não? Por que, então, todo jogador se coça durante a entrevista, principalmente o nariz e a nuca?
Ainda que você me considere implicante, saiba que quando você não cumpre com seu dever social de comparecer a velório, dizendo que não sabia ou que estava viajando... Isso é pecado, viu? Qual o motivo de não se dizer a verdade? Olha que mais dia menos dia, numa hora qualquer o defunto pode lhe oferecer carona.
Mas de tudo, o que mais me preocupa e me tira o sono é Portal de cidade. Trata-se de edificação pública, como o é o Fórum, a Prefeitura, a Cadeia, o Cemitério e o Colégio Estadual. Por que motivo então o Portal é usado para colocação de faixas anunciando congressos, convenções, reuniões, palestras? É (seria) o mesmo que afixar na porta do Fórum, fotografias com elogios a candidatos a prefeito e/ou na entrada de nossas igrejas cartazes divulgando a abertura de mais um Motel no bairro dos Peitudos na rodovia pra Ouro Fino.
Portal da cidade é coisa séria. Ele é nosso abraço desejando boas-vindas ao visitante; é local pra ser apreciado, é o sorriso do povo oferecendo hospitalidade e, nunca, monumento degradado a porta-anúncio de eventos estranhos à sua finalidade.
È. Pois é!
Alguém aí sabe por que as aspas têm, as do início, as perninhas viradas pra cima e, as finais, pra baixo? Alguém sabe me dizer por que no marcador de página não vem o marcador de linha onde interrompemos a leitura? Alguém sabe por que no controle remoto da TV e aparelhos de som, fabricados no Brasil, estão lá mute, Power, scan, skew, open, close, tuner, surround, sleep, exit, e que a gente, ignorante, aperta todos pra ver no que dá, ainda correndo o risco de se indispor com a mulher por falar nome feio digital? E no painel do carro, então!? Tem tanta flechinha que mais parece apache em pé de guerra, acompanhadas das advertências: mode e trip; no visor do combustível, as letras F e E, que traduzo por “fervendo” e “esfriando”, mesmo estranhando a fervura da gasolina. Estrepei-me todo. Na temperatura H de hot, quente, termo que conhecia desde o Colégio de Santo Agostinho e C, que só pode ser de cachorro. Isto é, meu carro novo (não posso dizer que seja dos mais simples) oferece cachorro-quente, tem bar, acessório que só descobri na viagem que fizemos a Liberdade (depois de Caxambú, antes de Juiz de Fora). Agora, me esclarece. Se o carro é fabricado aqui em Goiás, porque o esclarecimento na língua arrevezada da rainha?
Não que eu seja implicante...
Me ajuda: qual a intenção do jogador de futebol que arranca a camisa depois de fazer o gol, mesmo sabendo que será punido com o cartão amarelo? Aparecer? Mostrar os músculos? Refrescar-se? Exibir a tatuagem? Me ajuda. Explica, vá: se é dia sai do vestiário com óculos escuros encima da cabeça: se a noite, sobre o nariz. Explica?
Microfone de televisão é alérgico? Não? Por que, então, todo jogador se coça durante a entrevista, principalmente o nariz e a nuca?
Ainda que você me considere implicante, saiba que quando você não cumpre com seu dever social de comparecer a velório, dizendo que não sabia ou que estava viajando... Isso é pecado, viu? Qual o motivo de não se dizer a verdade? Olha que mais dia menos dia, numa hora qualquer o defunto pode lhe oferecer carona.
Mas de tudo, o que mais me preocupa e me tira o sono é Portal de cidade. Trata-se de edificação pública, como o é o Fórum, a Prefeitura, a Cadeia, o Cemitério e o Colégio Estadual. Por que motivo então o Portal é usado para colocação de faixas anunciando congressos, convenções, reuniões, palestras? É (seria) o mesmo que afixar na porta do Fórum, fotografias com elogios a candidatos a prefeito e/ou na entrada de nossas igrejas cartazes divulgando a abertura de mais um Motel no bairro dos Peitudos na rodovia pra Ouro Fino.
Portal da cidade é coisa séria. Ele é nosso abraço desejando boas-vindas ao visitante; é local pra ser apreciado, é o sorriso do povo oferecendo hospitalidade e, nunca, monumento degradado a porta-anúncio de eventos estranhos à sua finalidade.
È. Pois é!